A seleção nacional feminina deu a volta à Noruega e celebrou pela primeira vez no Grupo I da Zona Europa-África da Billie Jean King Cup by Gainbridge, um resultado que fortaleceu as aspirações de manutenção para Portugal, que joga em casa, no Complexo de Ténis do Jamor, até sábado.
No arranque de uma fase de grupos a três em que só um país poderá assegurar a manutenção nesta divisão, Portugal venceu por 2-1 a Noruega, que na sexta-feira — dia de descanso para a seleção lusa — mede forças com a Bulgária.
A reviravolta foi consumada com uma vitória das irmãs Francisca Jorge e Matilde Jorge no par decisivo, por 7-6(2) e 7-6(3) sobre Ulrikle Eikeri e Emily Sartz-Lunde, mas o frente-a-frente até podia ter ficado decidido mais cedo.
Isto porque a número um nacional, Francisca Jorge (190.ª classificada no ranking WTA) cumpriu a sua parte e venceu Ulrikke Eikeri (565.ª em singulares e 30.ª em pares) por 6-2 e 6-1 para igualar um confronto que de manhã esteve a um ponto de sorrir logo a Portugal, pois Angelina Voloshchuk (760.ª) teve dois match points contra Emily Sartz-Lunde (ainda sem ranking profissional, mas 20.ª classificada na hierarquia mundial de juniores).
No entanto, a jogadora mais nova da comitiva portuguesa — tem apenas 16 anos — não conseguiu aproveitar uma vantagem de 6-3, 5-2 e já no tie-break da segunda partida viu a adversária anular as duas oportunidades que teve para acabar com o embate.
Motivada pelo que acabara de fazer, a jovem nórdica elevou os indíces de confiança, resistiu à pressão inicial de Voloshchuk e congelou o Court 1 do Jamor com uma recuperação que impingiu à comitiva portuguesa a oitava derrota da semana em terceiro set.
“Senti que estava bastante perto da vitória e a partir daí desorganizei-me e perdi-me um bocado. Fiquei nervosa para fechar o encontro, porque até aí senti que estava a jogar bem”, lamentou a jovem de 16 anos, que apesar da limitação de torneios que pode jogar antes do próximo aniversário está no 760.º lugar do ranking mundial.
Francisca Jorge não escondeu ter sentido a pressão ao entrar em campo novamente obrigada a vencer para manter Portugal na discussão de um confronto: “Não é fácil entrar a perder por 0-1, mas a Neuza pediu-me força e passou-me a mensagem de que tinha de fazer o meu jogo porque as coisas iam começar a aparecer. E foi um bocadinho por aí e por lutar sempre, porque ela tem um estilo de jogo diferente e eu sabia que ia ser duro, mas acabei por jogar a um bom nível.”
Já sobre o par, admitiu ter sentido “muito mais [a pressão], sem dúvida, porque não controlo tudo”, mas destacou “a dinâmica muito forte e o crescimento” ao lado da irmã mais nova, Matilde Jorge, que apontou os vários pares decisivos já disputados pela dupla e “as várias finais que também são decisivas e importantes para as duas” como uma bagagem importante para lidar com a ocasião. “Já não jogava há muito tempo com a Kika, mas senti que isso era um não assunto. Estávamos as duas nervosas, mas procurámos sempre fazer o nosso jogo e no final conseguimos.”
Quem também expressou alegria com o desfecho desta jornada foi a capitã nacional, Neuza Silva: “Estávamos à procura desta vitória já há vários dias e é sempre bom acabar um dia com um espírito tão positivo e tão alegre. Foi um dia cansativo. Eu não joguei, mas estou igualmente cansada por tentar sempre transmitir a minha energia e a minha garra. Muitas vezes parece que sou eu que estou a jogar, quero tanto que elas estejam bem e que estejam positivas. Isso também vem muito da nossa entrega e estou orgulhosa do espírito de toda a equipa dentro e fora do campo.”
“A Kika teve o seu melhor dia, fez um excelente encontro, e depois elas já nos habituaram a estas vitórias no par decisivo”, acrescentou a líder da equipa.
Depois da vitória por 2-1 sobre a Noruega, Portugal terá um dia de descanso na sexta-feira, jornada na qual o conjunto nórdico medirá forças com a Bulgária, o terceiro elemento de um grupo que termina no sábado com o confronto entre esse conjunto e o da casa.
Entre os três países, apenas um assegurará a manutenção neste Grupo I da Zona Europa-África da Billie Jean King Cup by Gainbridge.
As contas inversas sorriem, para já, à Grécia, que no arranque do grupo onde se discute a última vaga de promoção venceu a Letónia por 3-0.
Esperava-se um encontro entre duas jogadoras do top 10 WTA (o primeiro de sempre em Portugal), mas Jelena Ostapenko defraudou as expetativas.
A número 10 mundial ficou de fora das opções do capitão para os encontros de singulares e as gregas aproveitaram para resolverem o frente-a-frente em parciais diretos, primeiro com Valentini Grammatikopoulou a superar Daniela Vismane por 6-0 e 7-5 e depois com Maria Sakkari (número seis mundial) a confirmar pelos mesmos parciais o favoritismo contra Darja Semenistaja (110.ª) — que teria jogado o primeiro singular do dia caso a compatriota não abdicasse da ida a jogo.
No par, a Grécia fixou o resultado final em 3-0 com uma vitória de Martha Matoula e Despina Papamichail por 6-4, 3-6 e 10-8 no match tie-break frente a Jelena Ostapenko e Adelina Lachinova.
A Grécia agarrou a liderança do grupo e voltará ao court já na sexta-feira para defrontar a Dinamarca da ex-número um mundial Caroline Wozniacki (atual 118.ª) e também de Clara Tauson (87.ª). Se vencer, ficará com a derradeira vaga de promoção, juntando-se a Áustria, Países Baixos e Sérvia.
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