O antigo número um mundial Juan Carlos Ferrero reconhece que Rafael Nadal é “obviamente” o maior candidato a ganhar em Roland Garros, embora vislumbre tenistas capazes de contrariar o favoritismo do espanhol na ‘catedral da terra batida’.
“Obviamente, é o maior favorito, sem dúvida. No ténis, nunca se pode dizer que algo é garantido, mas claro que é o maior candidato. Vem de ganhar [o Masters 1.000 de] Roma, jogando a um bom nível, e, sobretudo, pelo historial que tem neste torneio”, apontou Juan Carlos Ferrero, em declarações à agência Lusa.
O passado vitorioso do ex-tenista espanhol em Roland Garros – conquistou o seu único título do Grand Slam precisamente na terra batida parisiense, em 2003, um ano depois de ser finalista derrotado – confere-lhe ‘autoridade’ para se aventurar em projeções sobre o que pode acontecer entre domingo e 13 de junho no complexo de Porte d'Auteuil, onde Nadal procura o 14.º cetro no pó de tijolo parisiense e o 21.º ‘major’ da carreira, que lhe permitiria ‘desempatar’ com Roger Federer (ambos detêm o recorde, com 20).
“Há jogadores que podem causar ‘mossa’ a Nadal. [Stefanos] Tsitsipas já lhe ganhou, [Novak] Djokovic também. Há jogadores que podem jogar bons encontros contra ele, o que acontece é que o facto de os encontros serem jogados à melhor de cinco ‘sets’ pesa para o lado do Rafa, que fisicamente é muito forte, e é uma característica na qual ele se apoia muito”, analisou.
Aos 41 anos, o espanhol de Onteniente, conhecido pela alcunha (que odiava) de ‘Mosquito’, uma ‘homenagem’ à sua velocidade, trocou os ‘courts’, onde conquistou 16 títulos individuais, maioritariamente em terra batida, e uma Taça Davis com a sua seleção, pelas bancadas, desde onde orienta Carlos Alcaraz.
É na condição de treinador daquela que é a grande promessa do ténis espanhol que Ferrero está em Roland Garros, “um lugar sempre muito especial” para si.
“Afinal, é o Grand Slam que consegui, joguei encontros muito bons aqui, conheço muita gente da organização. É sempre bonito regressar”, confidenciou à Lusa o antigo jogador, que liderou o ‘ranking’ mundial por oito semanas em 2003.
‘Juanqui’ aguarda agora expectante o desfecho da fase de qualificação, com o seu pupilo a jogar hoje a terceira e última ronda do ‘qualifying’ frente ao chileno Alejandro Tabilo para tentar aceder, pela primeira vez na sua carreira, ao quadro principal do ‘major’ francês e consolidar o estatuto de ‘sucessor de Rafael Nadal’, um epíteto que o seu treinador rejeita.
“Penso que as comparações nunca são boas. Ele tem de fazer o seu caminho, dar o máximo e chegar onde puder chegar. Agora, não podemos antecipar quantos Grand Slam vai ganhar, nem nada do género, porque ele nem sequer está perto de estar em posição de poder pensar em algo assim”, defendeu.
Alcaraz, de 18 anos, acabou de entrar no ‘top 100’ mundial, graças à conquista no sábado passado do ‘challenger’ de Oeiras – repetindo, aliás, o feito do seu treinador, que também entrou nos 100 melhores da hierarquia com um triunfo num ‘challenger’ na Maia, há mais de duas décadas -, e Ferrero só quer que “continue o seu trabalho”.
“É um jogador com muito potencial e, oxalá, em algum momento da sua carreira, tenha a oportunidade de ganhar grandes torneios”, concluiu o treinador do 94.º jogador mundial.
Comentários