O francês Franck Cammas (Groupama) quer vencer a ligação Lisboa-Lorient, mas admite que o título da Volvo Ocean Race 2011/12 poderá ser decidido apenas na regata costeira de Galway, Irlanda, algo não muito “cool” numa prova de vela oceânica.
«Ainda será muito cedo para que tudo fique decidido em França. Não acredito que tenhamos 36 pontos de vantagem sobre os outros barcos da frota. Por isso, certamente que teremos de esperar por Galway [a 7 julho]», afirmou hoje o “skipper” do Groupama em Lisboa.
A Volvo Ocean Race é composta por nove etapas, com 10 "in-port-races" (regatas costeira), uma por cada porto de escala. A vitória numa etapa vale 30 pontos, enquanto o triunfo nas regatas costeira fica-se pelos seis.
A equipa francesa passou para a liderança da VOR com a segunda posição (25 pontos) na ligação transatlântica entre Miami, nos Estados Unidos, e Lisboa – a sétima etapa foi ganha pelo Abu Dhabi -, “roubando” o comando da prova aos espanhóis do Telefónica por apenas três pontos.
Um segundo lugar com sabor a triunfo, até porque ficou marcado por uma inundação a bordo devido ao vazamento do tanque de lastro da popa, que obrigou a tripulação a retirar uma tonelada e meia de água do veleiro.
A chegada a Lisboa acabou por compensar. Cammas, 38 anos, ficou «surpreendido» pela receção à capital portuguesa, na estreia de Lisboa como porto de escala da maior regata de circum-navegação à vela.
«Fiquei muito surpreendido por ver tantos barcos à meia-noite. Foi uma muito boa surpresa para nós. A ‘Race Village’ é muito boa, muito melhor do que em Miami», confessou o velejador francês de 38 anos, que desde 1998 já correu 73 vezes com as cores do Groupama, vencendo 33 e subindo ao pódio em 59.
O título de maior prestígio aconteceu no ano 2000, ao tornar-se pela primeira vez campeão do mundo de multicascos ORMA (agora tem seis títulos no palmarés) e campeão do mundo Fico-Lacoste (repetindo o título em 2004).
Apesar de ser uma das lendas vivas da vela oceânica, Cammas não perde uma oportunidade para seduzir pela simpatia e hoje deixou escapar um comentário muito abonatório para a vela lusa:
«Não há nenhum barco de Portugal, mas espero que haja um na próxima edição, porque há muito bons velejadores em Portugal.»
Um cenário que até se pode tornar mais plausível quanto é conhecida a necessidade de serem reduzidos os milionários orçamentos das campanhas da VOR, que rondam atualmente os 30 milhões de euros.
Uma revista especializada francesa garantia na semana passada que a organização da regata se prepara para mudar a “regra” da prova e criar uma nova Classe para substituir os Volvo Open 70 por um novo veleiro mais pequeno e monótipo (“one design”).
«Teremos de reduzir os orçamentos e não sei se a nova ‘regra’ conseguirá isso. Penso que sim, mas teremos de esperar mais uma vez para saber», sublinhou o francês, deixando escapar uma inconfidência ao anunciar que a Volvo quer oito barcos a competir em 2014, ao invés dos seis da atual 11.ª edição.
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