A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) anunciou na quarta-feira (14) uma nova mudança no seu código desportivo internacional (CSI) para reduzir as multas aplicadas aos pilotos por usarem linguagem imprópria.

A multa base caiu metade e o seu total passa de 10 mil euros para 5 mil euros. Caiu também a ameaça de suspensões ou deduções de pontos para pilotos que utilizassem linguagem imprópria de forma repetida. Antes, os pilotos de Fórmula 1 podiam ser multados 10 mil euros pela primeira infração, valor que era duplicado, além de uma proibição de corrida, em caso de segunda infração.

Além disso, os comissários de corrida poderão suspender a multa em determinadas situações, caso seja a primeira infração do piloto ou da equipa.

O novo código também diferencia ambientes não espontâneos, como conferências de imprensa, entrevistas, cerimónias oficiais, dos ambientes "não controlados" (conversas por rádio, entrevistas logo após os eventos).

A FIA atente assim a uma reivindicação dos pilotos ao diferenciar declarações feitas sob a pressão das corridas.

O presidente da Federação Internacional de Automobilismo, Mohammed Ben Sulayem, candidato a reeleição no sufrágio previsto para dezembro, tinha anunciado o endurecimento das punições no final de 2024.

No final de fevereiro, os pilotos de rali denunciaram "multas exorbitantes", após o francês Adrien Fourmaux pagar 10 mil euros durante o Rali da Suécia por ter lamentado de forma considerada grosseira um erro de pilotagem. A decisão foi muito criticada pelos demais pilotos que, em protesto, optaram por não falar à imprensa durante o Rali do Quénia.

Também em fevereiro, o piloto espanhol de Fórmula 1 Carlos Sainz (Williams) questionou a linha dura da FIA sobre o assunto.

Sainz afirmou que era razoável os pilotos evitarem dizer palavrões em eventos públicos, como uma conferência de imprensa, mas que a situação é diferente em pista.

"Acho que não se pode ser muito duro com este tipo de coisas, porque não é possível entender a pressão, a adrenalina e como nós nos sentimos no carro ao abrir o rádio", lamentou o espanhol.

Os pilotos continuam a ser punidos por linguagem imprópria, como abuso à elementos da FIA, críticas ao organismo que rege o automobilismo mundial ou "fazer declarações ou comentários políticos, religiosos e pessoais que violem, nomeadamente, o princípio geral de neutralidade promovido pela FIA nos seus estatutos".

O "incitamento público à violência ou ao ódio" tem a multa mais pesada: 20 mil euros.

Os pilotos que sejam declarados culpados de abusos contra elementos da FIA poderão ser penalizados com um mínimo de três lugares na grelha de partida se esse comportamento tiver lugar numa sessão de Grande Prémio – e com cinco segundos se a ofensa acontecer numa corrida sprint. Caso a conduta abusiva seja praticada por um membro da equipa, ambos os carros serão penalizados.

A decisão de introduzir multas pesadas e ameaças de afastamento das provas surgiu no ano passado quando Max Verstappen foi forçado a fazer o equivalente a serviço comunitário na Fórmula 1 após declarações numa conferência de imprensa no Grande Prémio de Singapura.

Os pilotos enviaram uma carta aberta à FIA a pedir que os tratasse como "adultos".

E isto acontece duas semanas depois de o piloto da Mercedes, George Russell, diretor da Associação de Pilotos de Grande Prémio, ter pedido "ação" da FIA sobre o assunto, em vez de palavras.