
A época do FC Porto começa com Vítor Bruno — o eterno adjunto de Sérgio Conceição é promovido a patrão — finalmente o homem a sair da sombra e a vestir o colete principal, peito feito, cheio de moral, parecia outro.
O homem que há anos estava sempre a dois metros do treinador, com ar de quem ia resolver tudo com um PowerPoint e uma bíblia tática.
Mas o futebol não perdoa romantismos.
O FC Porto 2024/25 começou com aquele cheiro a “vai correr mal” que só os verdadeiros portistas conseguem reconhecer logo à 3.ª jornada.
Ainda assim, com toda essa desconfiança, houve um milagre: A Supertaça frente ao Sporting.
Passar de um 0-3 para um 4-3, é algo que faz qualquer adepto ter sonhos molhados durante semanas a fio. Com raça, suor, um golo caído do céu e uma exibição que fez o adepto portista pensar: “Se calhar o Vítor Bruno sabe o que está a fazer…”
Spoiler: não sabia.
No campeonato, o Porto jogava como quem cumpria um castigo judicial mas os resultados iam aparecendo e a uma jornada de terminar a primeira volta, havia apenas perdido com Sporting e Benfica.
O que se seguiu foi uma maratona de empates frustrantes, derrotas inexplicáveis, e um balneário que parecia jogar à sueca em vez de futebol.
A consistência ofensiva era um mito. A defesa, uma lotaria. E as substituições? Deixavam mais perguntas que soluções.
Na Taça de Portugal, o que era suposto ser passeio virou humilhação: Eliminados pelo Moreirense em Moreira de Cónegos. Golo sofrido ao minuto 80 e qualquer tentativa de resposta foi mais triste do que a saída do Pedro Nuno Santos do Partido Socialista.
Na Taça da Liga, caiu-se nas meias-finais frente ao Sporting. A única coisas que a equipa ganhou nesse jogo foi o direito de chegar cedo a casa e a memória de serem eliminados por uma equipa com mais lesionados do que disponíveis.
Na Liga Europa, o grande sonho europeu termina com um banho de realidade:
eliminados pela Roma, com direito a aula de tática de Ranieri, que na altura saberia mais sobre o FC Porto do que o próprio Anselmi
Pois é, com o navio a afundar em Janeiro, Vítor Bruno é finalmente dispensado. Entra Martin Anselmi, técnico argentino com ar de pensador e discursos profundos como os furos na defesa portista.
Falava de “intensidade vertical”, “pressão coordenada” e “transições inteligentes”, mas a equipa parecia estar a jogar num episódio de “Black Mirror”: Zero ligação, sem emoção, e tudo desconectado da realidade.
Os resultados não mudaram muito. O futebol também não. O Dragão deixou de meter medo. Passou a ser visita turística para equipas que noutros tempos saíram lá de cuecas e a chamar o INEM.
A época de 24/25 do FC Porto fica marcada também pela partida do seu nome maior.
Como se os resultados já não fossem uma tragédia, chega o golpe final: a morte de Pinto da Costa.
O Presidente. O símbolo. O homem que deu identidade, títulos, alma e voz ao clube parte vítima de doença prolongada.
O FC Porto perdeu mais do que um dirigente. Perdeu o norte. Literalmente.
O luto caiu sobre o clube como nevoeiro. E ninguém soube muito bem como seguir em frente.
O FC Porto termina a época como um gigante confuso.
Os adeptos oscilam entre o luto e o desespero cínico de quem já começa a fazer piadas para disfarçar a dor.
Joga-se agora em Junho o Mundial de Clubes, estará o FC Porto à altura dos seus pergaminhos?
A história cá estará para julgar e nós também!
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