Embora ainda careça de oficialização, a transferência de Geovany Quenda para o Chelsea já está a ser dada como certa. Tanto em Portugal, como em Inglaterra, a imprensa dá conta de um negócio de 51 milhões de euros, sendo que os 'blues' poderão ainda pagar ao Sporting um valor adicional considerável que está dependente do cumprimento de objetivos.

Independentemente de quaisquer juízos de valor que pudesse fazer sobre os montantes que dão corpo ao negócio, importa-me salientar outra ideia tão ou até mais importante: numa altura em que os problemas económicos que assombraram o clube já parecem uma memória distante no tempo, o Sporting aparenta estar a dar primazia ao plano desportivo em detrimento do financeiro.

E digo isto com base num dos detalhes que me saltou à vista na transferência de Quenda para Inglaterra: o jogador vai continuar a jogar em Alvalade mais uma temporada antes de rumar à Premier League, num modelo de negócio que, não sendo propriamente norma é, pelo menos, mais vezes replicado no estrangeiro, embora não vejamos com tanta regularidade no nosso país.

Isto significa que os leões se precaveram e asseguraram a permanência de um titular, como é Quenda, para uma época na qual muito provavelmente já não contarão com Viktor Gyökeres, que deve deixar o Sporting no final de 2024/25, salvo alguma surpresa de maior.

Naturalmente, além do sueco, ainda poderão sair outros jogadores importantes, ou não soubéssemos nós como funciona o mercado e o interesse que os futebolistas da Liga Portuguesa costumam despertar nos maiores clubes europeus.

Não conhecendo detalhes sobre como se desenrolaram as negociações para a transferência de Quenda, concluo, ainda assim, que o Sporting poderia ter realizado um encaixe ainda maior se permitisse a saída do extremo já neste verão, dando liberdade ao Chelsea para, já a partir de 2025/26, decidir se o lançaria de imediato na sua equipa principal, ou se o emprestaria a outro clube, talvez até da Premier League, para o jogador se começar a ambientar a um campeonato no qual, ao dia de hoje, não tem qualquer experiência.

A verdade, contudo, é que preferiu perder dinheiro - ou não ganhar tanto no imediato, como preferirem -, para dar prioridade à construção de um plantel forte para a próxima época. Afinal, e a confirmarem-se todas as informações que já vieram a público sobre a mudança de Quenda para Londres, uma coisa é certa: mesmo que já tenha os dias contados em Alvalade, o ala vai jogar de leão ao peito na próxima temporada.

Em suma, o Sporting garante um encaixe financeiro significativo - estamos a falar daquela que será, atrás somente das de Bruno Fernandes e Manuel Ugarte, a terceira maior venda da história do clube - e isto tendo em conta apenas os 51 milhões de euros iniciais que o Chelsea pagará por Quenda, pois ainda não sabemos até onde poderá chegar o negócio depois de cumpridos os objetivos acordados entre leões e blues.

E assegura, simultaneamente, a permanência do jogador até ao verão de 2026, permitindo-lhe evoluir e ganhar outro arcaboiço antes de ingressar na liga mais competitiva do mundo, mas defendendo igualmente os seus interesses, impedindo que outro dos seus futebolistas mais importantes deixe Alvalade no final da presente temporada.