
Esta é a quarta vez que o Sporting de Rui Borges perde uma vantagem no marcador, depois de também ter perdido pontos quatro vezes ao serviço do Vitória SC, depois de se apanhar a ganhar. Esta questão torna-se relevante principalmente pela quantidade de pontos perdida pelo Sporting CP que não pode ser explicada exclusivamente pela ausência de jogadores por lesão, apesar de, invariavelmente, ter um peso significativo nas contas.
O grande problema leonino, na minha opinião, passa pela incapacidade de se impor nas partidas, principalmente nas segundas partes, onde existe uma quebra evidente de rendimento, a qual o treinador dos Leões justifica com um cansaço acumulado dos jogadores (como se as equipas adversárias também não estivessem mais fatigadas nas segundas partes).
Claro que as primeiras opções de Rui Borges são teoricamente mais viáveis do que as secundárias que entram na segunda parte, porém isso não muda a forma como o Sporting se apresenta estrategicamente. Eu pergunto-me como é que as equipas que querem ser campeãs preferem jogar para manter uma vantagem mínima e ter sempre sucesso? Não dá. É praticamente impossível porque o futebol é imprevisível. As equipas grandes são aquelas que procuram resolver as partidas com vantagens de dois ou três golos para não entrar constantemente nas retas finais dos jogos com a corda na garganta (como já vimos inúmeras vezes o Sporting fazer este ano).
A falta de chegada dos médios sportinguistas à área é uma preocupação, principalmente se jogarem com uma linha defensiva de 5 jogadores, com laterais/alas que não consigam ter muita presença ofensiva (exemplo claro de Fresneda ou até Matheus Reis). A nível ofensivo, o Sporting de Rui Borges apresenta as melhores individualidades do campeonato - Gyokeres como goleador máximo, Quenda como principal criativo e Francisco Trincão que, a espaços, é do mais inteligente que pode haver.
Mesmo sem Pedro Gonçalves, o Sporting apresenta um ótimo plantel para jogar um outro tipo de jogo. Sporting esse que não pode, ou pelo menos não deveria, se inibir tanto frente a um Sporting de Braga onde no último ano venceu por duas vezes por cinco golos de diferença.
Até pode ser campeão nacional, e tem todas as condições para tal, mas este é um Sporting que maioritariamente não joga como um campeão. Estoril e Arouca foram adversários contra quem conseguiram ter um melhor futebol, mas a era de Rui Borges está muito longe de ser apelativa ou até resultadista, face à quantidade de pontos perdidos até ao momento.
Pergunto-me como será um jogo disputado entre Benfica e Sporting com estas condições pontuais. Como será a abordagem estratégica dos dois treinadores? Vão ambos deixar jogar o adversário? É que ambos derem a bola ao adversário, nenhuma equipa joga. Não é o modelo de jogo que me assusta nesta equipa leonina, mas sim a sua estratégia e mentalidade de como este plantel do Sporting precisa de jogar muitas vezes como um "pequeno" quando é um dos maiores (se não o maior) de Portugal.
A abordagem resultadista tirou um título ao Benfica de Jorge Jesus frente ao FC Porto de Vítor Pereira. Ontem a abordagem resultadista retirou 2 pontos ao Sporting e o 1° lugar da tabela classificativa. Precaução não é gerir uma vantagem de um golo, é aumentar a vantagem para um eventual cenário onde o teu adversário consiga chegar ao golo. Precaução não é baixar o bloco, oferecendo a iniciativa de jogo ao adversário. Precaução é ter a bola para conseguir gerir o jogo.
Pelo menos é assim que imagino que uma equipa "grande".
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