Os advogados de alguns dos sócios acusados na Operação Pretoriano foram hoje impedidos de consultar os processos disciplinares instaurados pelo FC Porto, e acabaram por chamar as autoridades ao Estádio do Dragão.

À chegada ao Tribunal de Instrução Criminal (TCI) do Porto, António Caetano, um dos representantes de Fernando Saul, afirmou que “não foi permitida a consulta” do processo disciplinar instaurado pelo clube.

“Dirigimo-nos ao Estádio do Dragão para tentar fazer a consulta do processo disciplinar que lhe foi instaurado, tanto a ele como a outros arguidos da Operação Pretoriano (…) Não nos foi permitida a consulta”, afirmou.

Os representantes solicitaram também que lhes fosse facultada uma nota da tentativa de consulta do processo, mas “não quiseram passar essa nota”.

“Depois tínhamos intenção de escrever no livro de reclamações. O livro de reclamações do FC Porto não nos foi facultado também. Não sei por que motivo também não nos deram, portanto, fomos obrigados a tomar as medidas adequadas e chamar a PSP”, indicou, acrescentando que as autoridades elaboraram o respetivo auto.

António Caetano adiantou ainda que o prazo para contestar a nota de culpa do processo disciplinar “está a acabar”.

“Temos direito pela defesa do nosso cliente de consultar esse processo disciplinar”, acrescentou.

Em agosto, o FC Porto avançou que iria participar formalmente junto do Conselho Fiscal e Disciplinar dos seus sócios acusados na Operação Pretoriano.

“Vem a direção informar que procederá à participação formal junto do Conselho Fiscal e Disciplinar em relação a todos os seus sócios acusados ao abrigo do processo, com vista à instauração, instrução e decisão de competentes processos disciplinares”, indicaram os corpos sociais comandados por André Villas-Boas, em comunicado publicado pelo clube.

O TIC iniciou hoje o segundo dia de visualização das imagens de videovigilância do pavilhão Dragão Arena, no âmbito da Operação Pretoriano, que tem entre os arguidos o ex-líder dos Super Dragões.

A juíza de instrução criminal aceitou que fossem visionadas as mais de 20 horas de imagens em bruto das câmaras de videovigilância do Dragão Arena, onde houve vários incidentes e agressões durante uma Assembleia Geral (AG) extraordinária do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, mas indeferiu o requerimento dos arguidos para a audição de testemunhas no debate instrutório.

A decisão instrutória tem de ser conhecida até 07 de dezembro, quando se completarem 10 meses desde a aplicação do regime de prisão preventiva ao ex-líder dos Super Dragões.

Em causa está a designada Operação Pretoriano, cuja acusação do Ministério Público (MP) denuncia uma eventual tentativa de os Super Dragões “criarem um clima de intimidação e medo” numa AG do FC Porto para que fosse aprovada uma revisão estatutária “do interesse da direção” do clube, então liderado por Pinto da Costa.

Fernando Madureira é o único arguido em prisão preventiva, enquanto os restantes oito foram sendo libertados em diferentes fases, incluindo Sandra Madureira, Fernando Saul, Vítor Catão ou Hugo Carneiro, igualmente com ligações à claque.

Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação.

Hugo Carneiro também está acusado de detenção de arma proibida, sendo que o MP requer penas acessórias de interdição de acesso a recintos desportivos entre um e cinco anos.

O FC Porto e a SAD gestora do futebol profissional ‘azul e branco’ constituíram-se assistentes da Operação Pretoriano, que foi desencadeada em 31 de janeiro, no âmbito da investigação aos desacatos observados na AG extraordinária do clube, tendo resultado na detenção de 12 pessoas.