O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) reiterou hoje que o desporto em Portugal precisa de mais apoio, investimento e melhores políticas, instando o Governo a apresentar “uma estratégia clara e exequível” para o setor.

“O desporto em Portugal precisa de mais apoio, de mais investimento, de mais estrutura, de melhores políticas. Devemos olhar para o futuro com uma visão clara e definida. O COP não pode ser uma instituição isolada, por vezes a pregar no deserto. Entendo esta instituição como um pilar de um sistema desportivo mais amplo e mais forte”, evidenciou.

A discursar na cerimónia da Celebração Olímpica, a decorrer em Lisboa, Artur Lopes defendeu que “o futuro do desporto em Portugal depende de uma colaboração eficaz entre o COP e todos os atores sociais que acreditam no potencial transformador do desporto”.

Dirigindo-se ao Governo, representado neste evento pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, responsável pela tutela do desporto, mas também “a todos os líderes nacionais”, questionou qual é a visão que têm para o organismo.

“Qual o seu papel na construção de outro futuro do desporto português, que não se vislumbra das medidas avulsas, fragmentadas, reativas e destruturadas das últimas décadas? Qual o contributo que o Governo e os líderes políticos estão dispostos a dar para resgatar a política desportiva deste país da insignificância das suas prioridades e assegurar um futuro mais próspero para o desporto português?”, perguntou.

Artur Lopes defendeu que, para o COP poder evoluir, é essencial o apoio dos líderes políticos, “das forças vivas da sociedade” e de todos os portugueses, “e não apenas durante as semanas que duram os Jogos Olímpicos”.

“É fundamental assegurar uma estratégia clara e exequível para o desporto nacional, corrigindo as disparidades que persistem quando olhamos para os nossos paupérrimos índices de desenvolvimento desportivo. Queremos deixar de ser periféricos e irrelevantes nesses indicadores. Queremos construir um outro, e melhor, desporto”, afirmou.

Para o presidente do COP, Portugal precisa “de um modelo mais sustentado, mais moderno, mais exigente e mais eficaz” de desenvolvimento do desporto, que seja “relevante na agenda do país”.

Antes, na sua intervenção, o máximo dirigente desportivo nacional tinha enaltecido a importância desta cerimónia para “celebrar o sucesso e as conquistas” dos atletas portugueses nos Jogos Olímpicos Paris2024.

“A sua coragem, perseverança e espírito de superação, aliados ao talento que demonstraram, são motivo de imenso orgulho para o nosso país. Cada um de vocês representa a excelência do desporto português com a responsabilidade de contribuir para que, a cada dia, o nosso país seja mais respeitado internacionalmente”, notou.

Artur Lopes não se ‘esqueceu’ também dos treinadores, “pilares essenciais na construção do sucesso”, dos árbitros e juízes, “que têm um papel vital na integridade de qualquer competição”, dos técnicos, “que cuidam de todos os detalhes logísticos e organizativos, garantindo que tudo corra com perfeição”, ou dos dirigentes.

“Um agradecimento muito especial, neste momento, aos funcionários e colaboradores do COP, cujos esforços incansáveis muitas vezes ficam nos bastidores, mas são absolutamente fundamentais para o nosso sucesso coletivo”, salientou ainda.

Notando que o COP é, “sem dúvida, uma equipa unida e forte”, Lopes lembrou a importância de José Manuel Constantino, “o eterno presidente”.

“A sua partida deixou-nos a todos com um grande vazio, mas o seu legado permanece vivo e continuará a inspirar-nos por muitas gerações. Durante o tempo em que esteve à frente do COP, José Manuel Constantino foi um líder visionário, sempre atento às necessidades dos atletas e das instituições que compõem o nosso movimento desportivo”, notou.

Artur Lopes assumiu a presidência do COP após a morte de José Manuel Constantino, o pensador do desporto que liderou o organismo entre março de 2013 e 11 de agosto, quando faleceu vítima de doença prolongada.

“Sob a sua liderança, o COP […] tornou-se um símbolo de ética, de compromisso com o desporto e de uma ação concreta em prol do desenvolvimento de Portugal no contexto desportivo mundial”, realçou.

A finalizar, salientou que “as eleições de março de 2025 representarão um marco decisivo” para o COP.

“O processo eleitoral deve ser conduzido com dignidade e respeito pela história e pela importância do COP. Uma instituição que projete o melhor do desporto e de ser português”, concluiu.