
A competitividade e resiliência do futebol foi hoje debatida pela Federação Internacional de Associações de Futebolistas Profissionais (FIFPro) em reunião com o comissário europeu para a Justiça Intergeracional, Juventude, Cultura e Desporto, em Bruxelas.
“A discussão reforça o nosso compromisso com uma economia do futebol que funcione para todos. Acreditamos que reforçar o papel dos parceiros sociais e respeitar os acordos coletivos de trabalho é essencial para uma indústria europeia do futebol sustentável e competitiva, assente num contrato social entre competições nacionais e internacionais”, observou o francês David Terrier, presidente da FIFPro Europa, citado em comunicado.
O reforço do modelo europeu do desporto, através de mecanismos robustos de diálogo social e de acordos coletivos de trabalho que protejam os direitos e o bem-estar dos futebolistas enquanto trabalhadores no mercado único, foi uma das temáticas discutidas.
Outro assunto foi a criação de estruturas abrangentes de saúde e segurança no trabalho, adaptadas à indústria do futebol masculino, que protejam o bem-estar dos atletas e que atendam às crescentes exigências na respetiva carga de trabalho, salvaguardando o congestionamento nos jogos, as viagens e o tempo mínimo de descanso e recuperação.
A melhoria da governação no futebol internacional, adaptada ao setor e em conformidade com as políticas e legislação da União Europeia (UE), também foi discutida, tal como a precariedade das condições de emprego, envolvendo os problemas de endividamento, o acesso a uma justiça independente e veloz e a insuficiência de mecanismos de proteção.
A gradual importância da inovação e da tecnologia no futebol, com maior atenção sobre a proteção e utilização dos dados pessoais dos jogadores e a aplicação da inteligência artificial no trabalho, fechou a ordem de trabalhos entre a FIFPro e o comissário europeu.
“Sou um acérrimo defensor do modelo europeu do desporto, baseado na solidariedade entre o setor profissional e a base, aberto e assente no mérito desportivo. Os métodos de governação devem ser melhorados e tornar-se mais inclusivos. Devemos procurar elevar a todos os níveis os padrões de integridade, que devem ser considerados um dever para as organizações. Os atletas são a espinha dorsal do movimento desportivo e a Comissão Europeia quer proteger a sua integridade física e moral”, afirmou o maltês Glenn Micallef.
Além da futura marcação de uma reunião de trabalho direcionada para o futebol feminino, as duas partes frisaram a necessidade de soluções políticas e prometeram cooperar para garantir que o setor mantenha o seu estatuto na Europa, enquanto são promovidos os direitos dos atletas, o diálogo social, a contratação coletiva e o crescimento sustentável.
A FIFPro Europa esteve representada por três dirigentes, incluindo Joaquim Evangelista, que integra a direção mundial do organismo e será na segunda-feira reeleito sem oposição para um sexto mandato consecutivo no Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF).
O dirigente teve a oportunidade de abordar aspetos específicos da realidade portuguesa, confiando no envolvimento da UE para “melhorar os sistemas de fiscalização, apoio e proteção social aos jogadores, enquanto parte essencial do modelo europeu desportivo”.
“Esta primeira reunião da FIFPro Europa junto do comissário europeu é de uma enorme importância estratégica. Quisemos reforçar os desafios que os futebolistas enfrentam na Europa, não apenas no topo da pirâmide, mas em todos os mercados afetados por um certo descontrolo nos calendários e atropelos aos direitos fundamentais”, contextualizou.
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