A Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF) decidiu repetir os dois jogos das meias-finais do campeonato nacional entre Ultramarina de São Nicolau e Mindelense de São Vicente, mas as duas equipas estão contra e ameaçam não jogar.
Em nota de imprensa, a FCF informou que decidiu repetir os dois jogos após o Conselho de Disciplina ter decretado nulidade de um processo disciplinar instaurado à Ultramarina e de o Conselho de Justiça ter negado provimento a outro recurso interporto pelo Mindelense.
O jogo da primeira mão das meias-finais do futebol entre Ultramarina e Mindelense não foi realizado no início de junho porque, depois de dois adiamentos, na terceira data prevista não apareceram as chaves para abrir os portões do estádio, em São Nicolau.
A FCF instaurou um processo disciplinar à Ultramarina, mas o Conselho de Disciplina (CD) da FCF considerou "improcedente" a queixa, concluindo que não ficou provada que o clube teve intenção de esconder as chaves.
O Mindelense também apresentou um recurso, mas o Conselho de Justiça da FCF negou provimento ao mesmo.
Entretanto, mesmo sem se realizar o jogo da primeira mão em São Nicolau, foi realizado o da segunda mão em São Vicente, onde a Ultramarina venceu o Mindelense por 2-0.
E tendo em conta as decisões dos seus órgãos, a FCF decidiu não só anular o jogo já realizado como também "mandar repetir a eliminatória das meias-finais entre essas duas equipas".
"Esta decisão assenta nos princípios da verdade e da ética desportiva, sanando assim todas as incidências desportivas que determinaram o não apuramento do finalista dessa meia-final", explicou a FCF, em comunicado.
Informando que o adiamento dos jogos vai consequentemente prorrogar a época desportiva, que deveria terminar a 31 de julho, o órgão que rege o futebol cabo-verdiano não avançou, porém, a data para a realização dos dois jogos.
Entretanto, tanto Mindelense, tetracampeão nacional, como Ultramarina discordam da decisão da federação e ameaçam não jogar, pelo menos por agora.
O presidente do Mindelense, Daniel Jesus, disse que a decisão foi tomada após a FCF ter ouvido apenas o Sporting da Praia, equipa que se apurou ao eliminar a Académica do Porto Novo.
Informando que o clube já dispensou os seus jogadores, Daniel Jesus mostrou-se disponível a procurar uma solução para o caso, mas garantiu que o clube só está disponível para jogar a final com o Sporting da Praia, no inicio da próxima época desportiva.
O clube de São Vicente disse que os sucessivos adiamentos para o desfecho do caso têm causado prejuízos ao clube e quer ser indemnizado pela FCF, em cerca de nove mil euros.
A Ultramarina discordou da decisão da FCF de realizar os dois jogos, lembrando que venceu o primeiro jogo das meias-finais disputado em São Vicente.
Quem também quer ser indemnizado pelos prejuízos é o Sporting da Praia, que informou que em setembro vai dar entrada de um processo na Procuradoria-Geral da República.
O campeão de Santiago Sul tinha mostrado indisponibilidade de jogar depois de 31 de julho, mas esta semana o clube recuou na decisão, indicando que poderá jogar, desde que os jogos entre Ultramarina e Mindelense sejam marcados esta semana.
O Sporting da Praia já contabilizou prejuízos de cerca de 1,5 milhões de escudos (cerca de 13 mil euros), que quer ver ressarcido, por considerar que tudo aconteceu por "erros e falhas graves" da FCF.
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