Foi no passado mês de abril que a imprensa espanhola denunciou os abusos que as jogadoras do Alhama CF, da primeira divisão de Espanha, tinham vindo a sofrer, de forma continuada, da parte do seu treinador Randri García.
De acordo com o jornal Mundo Deportivo, além de se pronunciar - de maneira ofensiva - acerca do físico de algumas jogadores, o técnico terá criticado, inclusive, a orientação sexual de outras. Além disso, terá entrado por diversas vezes no balneário sem avisar as jogadoras enquanto estas tomavam banho.
A gota de água terá sido quando Randri García enviou, alegadamente, uma fotografia de cariz sexual para um grupo onde todas as jogadoras estavam presentes, sendo uma delas menor de idade.
Agora, depois da Inspeção do Trabalho de Espanha já ter atestado o "comportamento inadequado" do técnico, o jornal El Periodico falou com algumas das jogadoras que foram alvo desses mesmos abusos.
Andrea Carid, que continua de baixa médica, diz sentir "medo e ansiedade" quando pensa em voltar ao balneário. "Começas duvidar de ti mesma. Podes ter a maior autoestima do mundo, mas quando ouves estas coisas dia após dia também começas a duvidar de quem és", explicou.
"Chamava-nos de gordas, indiscriminadamente, todos os dias. Era rara a semana em que não havia comentários sobre o físico, sobre o que comíamos ou deixávamos de comer. Deixámos de postar coisas no Instagram porque nos estava a perseguir nas redes sociais: 'Sim onde estás?', 'o que estás a fazer e com quem?'", acrescenta Andrea.
Erica, outra jogadora do Alhama, também partilhou alguns dos comentários abusivos feitos pelo técnico: "'Tens de perder peso. Estás tão gorda que nem consegues fazer amor'. Disse-me que tinha entre as pernas uma pila maior que a dele. Que era tão feia que não sabia como as mulheres olhavam para mim. Era constante. Comentários de cunho político, homofóbico, misógino e racista."
Randri García estava no Alhama desde 2018, o que levanta a questão sobre o porquê de a equipa ter demorado tanto tempo até denunciar publicamente o que se passou.
"Quem manda [no Alhama] é o pai, o presidente, a mulher é a diretora desportiva, a mãe também tem um cargo e ele é o treinador. A quem podíamos contar o que estava a acontecer?", questiona Erica.
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