A Comité de Apelo da FIFA confirmou, esta sexta-feira (26), a suspensão por três anos de atividades relacionadas com o futebol do ex-presidente da Federação Espanhola de Futebol (RFEF) Luis Rubiales, pelo beijo forçado à jogadora espanhola Jenni Hermoso, na final do Campeonato do Mundo de 2023.

Após analisar a documentação apresentada, o comité "decidiu rejeitar o seu recurso e confirmar a sanção imposta ao senhor Rubiales", afirmou a FIFA, em comunicado, esta sexta-feira.

"Entre outras considerações, o Comité de Apelo confirmou que o senhor Rubiales comportou-se de forma contrária aos princípios contemplados no artigo 13.º do Código Disciplinar da FIFA durante e depois" da final do Campeonato do Mundo feminina, vencida pela Espanha no ano passado.

O artigo em questão aborda a "conduta ofensiva e violações dos princípios do fair-play".

"A decisão do Comité de Apelo foi comunicada hoje ao senhor Rubiales", acrescentou o organismo máximo do futebol mundial, recordando que esta decisão é passível de recurso para o "Tribunal Arbitral do Desporto", com sede na Suíça

No dia 31 de outubro, a FIFA anunciou que o seu Comité Disciplinar proibiu Rubiales de "exercer qualquer atividade relacionada com futebol por três anos, tanto no âmbito nacional como internacional, ao considerar que a sua conduta infringiu o artigo 13º do Código Disciplinar".

Imediatamente o dirigente espanhol anunciou que iria recorrer da decisão. "A partir de agora anuncio que vou recorrer", afirmou Rubiales naquela ocasião, em comunicado na rede social X, garantindo que iria "até a última instância para que se faça justiça e a verdade prevaleça".

A decisão do Comité de Apelo da FIFA foi comunicada um dia depois de a Justiça espanhola propor levar Rubiales a julgamento pelo beijo forçado que deu em Jenni Hermoso durante a entrega de medalhas na final do Mundial feminino de futebol.

O juiz da Audiência Nacional (principal instância judicial espanhola) concluiu na quinta-feira, numa decisão passível de recurso, levar Rubiales a julgamento, considerando que o beijo na atleta espanhola "não foi consensual e foi uma iniciativa unilateral e surpreendente".

O magistrado também entendeu levar a julgamento o ex-técnico da seleção feminina de Espanha Jorge Vilda, o diretor desportivo da seleção masculina, Albert Luque, e o ex-gerente de marketing da RFEF, Rubén River, pela posterior pressão recebida por Hermoso para corroborar a versão de Rubiales.

A final do Mundial feminino de futebol, disputada em 20 de agosto, ficou marcada pelo beijo na boca que o então presidente da RFEF deu à jogadora Jenni Hermoso, durante as celebrações da vitória espanhola (1-0 frente à Inglaterra) no estádio de Sydney, e que a avançada tem reiterado não ter sido consentido.

As imagens deste ocorrido correram mundo tal como outro momento em que o então presidente da RFEF segurou os suas genitais no camarote do estádio de Sydney a poucos metros da rainha de Espanha, Letícia, e da sua filha, Sofia.

Embora inicialmente tenha rejeitado abdicar do seu posto, a pressão do governo espanhol, do sistema judiciário e do próprio mundo do futebol acabou por levar Rubiales a renunciar ao cargo a 10 de setembro de 2023.

O comportamento de Rubiales, que entretanto de demitiu da presidência da RFEF, valeu-lhe a abertura de processos disciplinares pelo Tribunal Administrativo do Desporto de Espanha e por parte da FIFA, e uma queixa na justiça, apresentada pela jogadora.

Rubiales demitiu-se, entretanto, da presidência da RFEF, e foi suspenso pela FIFA, decisão da qual anunciou que iria recorrer, prometendo ir “até à última instância para que se faça justiça e se reponha a verdade”.