O Tottenham, de José Mourinho, e o Manchester City, onde jogam os portugueses João Cancelo, Bernardo Silva e Rúben Dias, vão disputar no final deste mês a Taça da Liga Inglesa.
A final em Wembley está marcada para dia 25 de abril e vai ter 8 mil adeptos, mas o que promete gerar polémica são as medidas para determinar esses adeptos.
Os polémicos requisitos
Esta terça-feira foram reveladas as condições impostas aos adeptos que se desloquem a Wembley para assistir à final da Taça da Liga Inglesa.
"Adeptos que são clinicamente extremamente vulneráveis ou grávidas não se devem inscrever para os bilhetes" do encontro entre Tottenham e Manchester City, assim como pessoas com menos de 18 anos.
Além disso, os adeptos têm ainda de apresentar um teste negativo à COVID-19 com menos de 24 horas e comprometer-se a fazer outro até cinco dias depois do jogo.
O desconfinamento britânico
No início de abril foi anunciado que a Taça da Liga Inglesa iria fazer parte do plano de desconfinamento do governo britânico e, como tal, seria um dos testes para estudar o regresso do público aos eventos.
Assim sendo, o estádio de Wembley está autorizado a receber 8 mil pessoas, mas apenas metade delas serão adeptos. Ou seja, Tottenham e Manchester City pode vencer dois mil bilhetes cada um.
Os restantes bilhetes vão ser divididos por "vários grupos, incluindo residentes do bairro de Brent e funcionários do NHS (serviço nacional de saúde britânico), como um agradecimento pelo apoio inabalável que foi fornecido durante a pandemia", como explica a EFL.
As críticas
Depois do anúncio das medidas, as críticas não se fizeram esperar. Uma das primeiras reações veio da SpursAbility, uma associação de adeptos do Tottenham com deficiência.
Em comunicado, a associação considerou que as medidas são "extremamente desoladoras" e que mostram uma "direta discriminação" para com as pessoas extremamente vulneráveis do ponto de vista clínico.
"A política adotada para esta partida é uma discriminação direta contra muitos adeptos com deficiência. Alguns dos nossos membros estão protegidos há mais de 12 meses e viram esta partida como uma oportunidade de regressar por algum tempo à vida normal", acrescenta.
A SpursAbility salienta ainda que "uma pessoa extremamente vulneráveis do ponto de vista clínico que teve o coronavírus, recuperou e já recebeu duas doses de vacina representa um risco consideravelmente menor em comparação com uma pessoa de 40 anos que pode ter problemas de saúde desconhecidos. Isso é justo e razoável?"
"Pedimos que este critério no programa liderado pelo governo para a reabertura dos eventos ao vivo para o público em geral seja reavaliado", remata a associação.
Também a Level Playing Field, uma instituição de solidariedade que defende a inclusão no desporto, se mostrou preocupada com esta decisão do governo britânico.
"A exclusão de pessoas clinicamente extremamente vulneráveis desvaloriza a mensagem de combate à discriminação, de promoção da igualdade e ainda desvaloriza a importância da escolha pessoal", lembra o comunicado da instituição.
A Level Playing Field lembra que um dos seus principais objetivos "é garantir que as pessoas com deficiência tenham liberdade de escolha e a capacidade de se envolver em eventos e garantir que estes nunca sejam esquecidos."
"Estes eventos de teste abrem caminho para o que todos esperamos - a reabertura dos estádios. No entanto, estas medidas para excluir adeptos apresentam um risco bastante crível de que setores da comunidade de adeptos do futebol continuem a ser excluídos pela sociedade à medida que o confinamento diminui."
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