A CONMEBOL não gostou da intervenção de Arsène Wenger num congresso de treinadores, na Alemanha, há duas semanas. O diretor de desenvolvimento da FIFA teve afirmações consideradas racistas e discriminatórias.
"Kylian Mbappé tem raízes africanas, mas formou-se na Europa […]. Se tivesse nascido nos Camarões, não se teria transformado no avançado que é hoje. Existe a Europa e existe o resto do mundo. E o resto do mundo precisa de ajuda, se não vamos perder muitos talentos", afirmou o antigo treinador do Arsenal, que agora trabalha para a FIFA.
As declarações de Wenger não caíram bem no mundo do futebol e, numa carta enviada à FIFA, o organismo que rege o futebol sul-americano mostrou-se bastante desagradado com esta posição de alguém tão importante na FIFA.
"A CONMEBOL recusa e condena as muito infelizes expressões do alto funcionário da FIFA, muito próximo da presidência da instituição, Arsène Wenger. A CONMEBOL está firmemente comprometida na luta contra as expressões e gestos racistas ou discriminatórios, sejam provenientes de adeptos nos estádios, técnicos no campo de jogo ou dirigentes através de declarações públicas. As palavras de Wenger - além de revelarem uma insólita ignorância sobre a valiosa contribuição dos jogadores africanos ao futebol mundial, especialmente ao futebol europeu - mostram um revés degradante que inviabiliza os esforços de atletas e instituições desportivas que não 'estão na Europa'. Muitas vezes, os preconceitos mais condenáveis disfarçam-se de reflexões 'fundadas' e 'inteligentes", escreveu a CONMEBOL, na carta enviada ao presidente da FIFA, Gianni Infantino.
"Assim como os africanos, nós sul-americanos conhecemos muito bem e em primeira mão este tipo de atitude, que se baseia na crença de que o mundo começa e termina na Europa. O talento, o espírito de sacrifício e o desejo de superação dos jogadores africanos e sul-americanos devem ser valorizados e respeitados", conclui a Confederação Sul-Americana de Futebol.
A CONMEBOL, dirigida por Alejandro Dominguez, criticou também a aprovação pelo IFAB, em definitivo, do limite de de cinco substituições num jogo de futebol, "sem um processo de consulta que teria enriquecido o debate".
"Esta é uma prática de exclusão que tem sido repetida nos últimos tempos e está a causar uma grande preocupação", finaliza o organismo.
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