O FC Barcelona recuperou hoje na Corunha o título espanhol de futebol, reforçando, numa edição que dominou desde o início e em que permanece invicto, uma hegemonia clara na ‘era’ Lionel Messi, novamente a grande figura ‘culé’.
Desde 2004/05, o ‘Barça’ venceu nove de 14 campeonatos, deixando apenas quatro para o Real Madrid e um para o Atlético de Madrid, tendo, assim, encurtado para oito cetros a desvantagem global para os ‘merengues’ (25 contra 33).
Os catalães, que nas últimas quatro épocas conseguiram três ‘dobradinhas’, sucederam ao Real Madrid, que nem com o português Cristiano Ronaldo (dois títulos, em nove épocas) e os seus golos em catadupa tem conseguido contrariar o domínio do grande rival.
Ainda sem qualquer derrota (26 vitórias e oito empates), a formação de Ernesto Valverde, técnico em estreia, não deu qualquer hipótese a concorrência, algo surpreendente, depois de um início de época muito complicado.
O expressivo desaire face ao Real Madrid na Supertaça (1-3 em casa e 0-2 fora) não augurava nada de bom, mas o ‘Barça’ reagiu bem, começou a somar vitórias atrás de vitória, apoiado no futebol e nos golos de Messi e em consecutivas defesas decisivas do guarda-redes Ter Stegen, destacou-se cedo e jamais foi apanhado.
Além de Messi, que lidera a lista dos marcadores, com 32 golos, e Ter Stegen, que só sofreu 21, o conjunto catalão viveu, mais do que dos reforços milionários (Dembelé e, a partir de dezembro, Coutinho), dos habituais, da sua espinha dorsal.
Sergi Roberto, Piqué, Umtiti e Jordi Alba formaram um quarteto defensivo seguro, guardado pela imensa categoria de Sergio Busquets, acompanhado no meio campo por Rakitic, Paulinho e Iniesta, que ainda espalhou classe, na época de despedida.
Na frente, Messi teve a preciosa ajuda de Luis Suárez, que conta 23 golos, e, após dezembro, de Coutinho, num conjunto em que os portugueses Nélson Semedo (14 jogos a titular) e, sobretudo, André Gomes (seis) não convenceram.
O ‘Barça’ começou a construir o ‘25’ com sete vitórias nas primeiras sete rondas e Messi a marcar 11 golos, incluindo, a fechar, um ‘bis’ na receção ao Las Palmas, à porta fechada, por culpa da enorme ebulição que então se vivia na Catalunha.
A falta de comparência foi ponderada, mas o FC Barcelona, isolado desde a quarta jornada, jogou, ganhou e ficou cinco pontos à maior sobre o Sevilha, seis face ao Valência e o Atlético de Madrid e já sete em relação a um ‘desastrado’ Real Madrid.
A primeira prova de fogo aconteceu à oitava ronda e o ‘Barça’ saiu vivo do Wanda Metropolitano, onde empatou 1-1 com o Atlético de Madrid, depois de ter estado muito tempo em desvantagem, graças a um tento do uruguaio Luis Suárez, aos 82 minutos.
Após o primeiro empate, os catalães encarrilaram mais quatro triunfos, antes de mais um jogo importante, à 13.ª ronda, na casa do Valência, então segundo, a quatro pontos. Messi marcou, mas não valeu, o ‘Barça’ voltou a estar em desvantagem, mas, aos 82 minutos, Jordi Alba selou uma importante igualdade.
Na ronda seguinte, novo empate, em casa com o Celta de Vigo, mas como o Valência começou a cair, o FC Barcelona ficou ainda mais cómodo na frente. Após mais dois triunfos, ficou seis à frente do Atlético de Madrid e já oito do conjunto ‘ché’.
O próximo ‘cliente’, à ronda 17, era o Real Madrid, que, com um jogo a menos, estava a 11 pontos, e poderia ficar, na prática, a cinco, só que, no Bernabéu, como tantas vezes nos últimos anos, o ‘Barça’ deu festival, vencendo por claros 3-0.
Num embate em que Messi fez mais passes para golo que a maioria dos jogadores numa época inteira, os catalães reduziram a ‘pó’ as esperanças dos ‘merengues’ em relação ao título, com tentos de Suárez, do argentino, de penálti, e de Aleix Vidal.
Cumpridas 17 rondas, tudo parecia acabado, com o FC Barcelona a somar já mais nove pontos do que o Atlético de Madrid e 11 face ao Valência. Com menos um jogo, o Real ficou a 14.
Até ao final da primeira volta, o FC Barcelona logrou ainda mais dois triunfos, o último emblemático, já que foi o primeiro em San Sebastian desde 2006/07. A Real Sociedad chegou a 2-0, mas os catalães viraram para 2-4, com Messi a fechar de livre direto.
No início da segunda metade, e depois de dois triunfos, o ‘Barça’ ainda aumentou o avanço para 11 pontos, mas, depois, cedeu três igualdades em cinco rondas, e a prova reabriu.
À 27.ª jornada, os ‘colchoneros’ chegaram a Nou Camp com a possibilidade de ser colocarem a dois pontos, mas, o ‘jogo do título’ foi decidido pelo ‘inevitável’ Messi (1-0), no terceiro jogo a marcar de livre direto. Oblak nem com asas.
Como o ‘assunto’ arrumado, o único motivo de interesse passou a ser a invencibilidade dos catalães, que, à 30.ª jornada, Messi, sempre ele, salvou em Sevilha (2-2) com um golo aos 89 minutos, instantes depois de Suárez reduzir.
Ao primeiro ‘match point’, hoje, na Corunha, o FC Barcelona selou o seu 25.º título de campeão espanhol, com um 4-2 selado com um ‘hat-trick’ de Lionel Messi, uma semana depois de arrebatar a 30.º Taça do Rei e quarto seguida, com uma goleada por 5-0 ao Sevilha, na capital.
Para os últimos quatro jogos, o ‘Barça’, que segue num registo recorde de 41 jogos sem perder na prova, vai tentar acabar a prova invicto, o que ninguém consegue desde a versão 1931/32 do Real Madrid (10 equipas e 18 jornadas) e nunca foi alcançado em campeonatos com 20 formações.
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