
Foi um Benfica em 'modo sobrevivência' aquele que eliminou Mónaco na terça-feira (3-3 na Luz, 4-3 no conjunto dos dois jogos) nos play-off e garantiu um lugar no oitavos de final da Liga dos Campeões.
A equipa de Bruno Lage continua a não encantar, mas fez o suficiente para conseguir o objetivo, muito graças ao aproveitamento dos erros do adversário. A magra vitória na 1.ª mão no Principado foi essencial para garantir os oitavos de final da Champions.
Agora é Barcelona ou Liverpool.
FOTOS: O Benfica-Mónaco em imagens
O Jogo: Benfica ligou o 'Modo sobrevivência'
Mónaco é conhecido por receber uma das mais icónicas corridas de Fórmula 1. No citado circuito de Montecarlo, é o lugar na terceira qualificação (Q3) que costuma definir a posição final do piloto na corrida.
Conseguir a 'pole' é meio caminho andado para a vitória, já que é muito difícil ultrapassar nas ruas de Montecarlo. Para 'apimentar' a prova, os organizadores resolveram meter uma paragem extra obrigatória para 2025... a ver se alguém ganha vantagem na troca de pneus.
Foi o que fez o Benfica quando, na semana passada, conseguiu sair da 'pole position' na eliminatória com o Mónaco por um lugar nos 'oitavos' da Champions. O golo de Pavlidis deu vantagem na largada de 180 minutos, gerida depois em Lisboa, onde o Benfica ligou o 'modo defesa' no cockpit para segurar as investidas dos monegascos por 90 minutos.
Perante mais de 60 mil nas bancadas da Luz, em mais uma grande noite de Champions na Catedral, os encarnados viveram das 'sobras' que os do Principado deixaram e do desperdício dos homens e Adi Hutter. Isto porque no processo defensivo, o Benfica andou quase sempre perdido.
Schjelderup e Akturkoglu acompanhavam os defesas/alas Diatta e Caio Henrique, um dos centrais subia até a zona do meio-campo para ajudar Lamine Camara, Ben Seghir e Akliouche tinham liberdade total e Minamino recuava para receber entre os médios e os centrais do Benfica, com Embolo a fizer com os dois centrais. O Mónaco esteve sempre em superioridade numérica no meio-campo e, com muita gente por dentro, conseguiu sempre ligar o jogo e sair a jogar, dada a capacidade técnica dos seus homens.
Incapaz de ligar o jogo até ao ataque, com muitas dificuldades na saída como mostraram os inúmeros passes errados, o Benfica teria de materializar em golo tudo o que conseguisse na frente, perante um Mónaco autoritário, controlador, determinado em corrigir o resultado da primeira-mão. Foi o que fez Akturkoglu num os raros ataques do Benfica, num golo onde Pavlidis e Leandro Barreiro foram cruciais, logo aos 22 minutos.
O aproveitar esteve também no penálti desnecessário de Kehrer sobre Aurnes que Pavlidis não desperdiçou no 2-2 no segundo tempo, aos 76 minutos, num dos melhores períodos dos encarnados, logo a seguir ao segundo golo monegasco. E quando Kokcu desviou o centro de Alvaro Carreras no melhor período do Benfica no jogo, três minutos depois de Ilenikhena ter colocado o Mónaco na frente da eliminatória, o Benfica sabia que só tinha de gerir os pneus, que é como quem diz, a vantagem, até ao apito final.
É certo que o Mónaco foi superior, mas nestes jogos de Champions, quando não se consegue dar espetáculo, há que ser pragmático para conseguir os objetivos. E o Benfica consegui-o: 'oitavos' confirmados pela oitava vez (no formado Champions) e à espera de Liverpool ou Barcelona. Agora é esperar pelo sorteio de sexta-feira.
Momento-chave: Kokcu nem os deixou festejar
O Mónaco ainda estava a saborear a vantagem no marcador com o golo aos 76, de Ilenikhena e já o Benfica estava de novo na frente da eliminatória: centro espetacular de Alvaro Carreras e Kokcu a atacar o primeiro poste e a desviar a bola com um toque subtil para o fundo da baliza de Majecki. 3-3 e eliminatória a favor do Benfica.
Os Melhores: Ben Seghir e Akliouche espalharam magia, Pavlidis histórico
Muito da produção ofensiva do Mónaco passou pelos pés dos dois jovens. Portugal ficou a conhecer aquele pé esquerdo mágico de Akliouche (22 anos), uma das próximas grandes vendas do Mónaco, tal como Ben Seghir. Em condução, é muito difícil tirar-lhe a bola. A sua técnica e visão de jogo são um regalo para a vista.
Teve a companhia de Ben Seghir (20 anos), autor do 2-1 no início do segundo tempo. Combina velocidade com transporte de bola e tem golo, como mostrou nos remates que fez.
Pavlidis (um golo e uma assistência) manteve a veia goleadora, chegou aos sete golos na Champions, algo que nenhum jogador conseguia há 33 anos (o último foi o russo Yuran, em 1991/92). Em meia época apenas, o grego igualou Nuno Gomes e está a dois golos de Rafa Silva e João Mário e a quatro de Oscar Cardozo, o jogador com mais golos pelo Benfica no formato Champions (11).
Em noite 'não': Trubin não ajudou
Num jogo que se previa difícil, o Benfica teria em Trubin a última barreira para segurar a ofensiva monegasca. Mas o ucraniano não ajudou, ao ficar mal batido em dois dos três golos dos monegascos. No primeiro, permitiu que a bola entrasse no poste que devia estar a proteger, ao ver o remate de Minamino bater-lhe no pé esquerdo e acabar no fundo das redes. No 3-2 do Mónaco, o remate de George Ilenikhena foi para o meio da baliza, mas o ucraniano não foi capaz de evitar o golo.
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