"Não, não podemos aceitar mais ninguém. Quem não tem reserva já não pode entrar. Pedimos desculpa". Foi assim no The Couch Sports Bar, em Lisboa, e certamente em muitos outros na capital, com a sua lotação totalmente preenchida. Uma lotação agora mais reduzida, nestes novos tempos que vivemos, ditados pela COVID-19. Tempos que acabaram por trazer uma inédita 'final 8' da Liga dos Campeões para solo nacional.
A mais importante competição europeia de clubes despediu-se da sua mais longa edição de sempre - durou precisamente 425 dias desde o pontapé de saída da fase preliminar - num Estádio da Luz despido de público e os adeptos de Paris Saint-Germain e Bayern, impossibilitados de seguirem ao vivo a grande final, procuraram os bares da Lisboa para viverem, em conjunto, as emoções do tão aguardado encontro.
Em clara maioria no The Couch, os adeptos do PSG tornaram aquele conhecido bar de desporto de Lisboa numa 'pequena Paris', onde era difícil encontrar quem estivesse a torcer pelos de Munique. E, se não bastasse já o facto de serem em maior número, os franceses contavam ainda com aliados de peso: os brasileiros. A explicação era simples: Neymar!
Claro que do outro lado também havia um brasileiro, Philippe Coutinho. Mas este não tem o carisma do 'camisola 10' do conjunto de Paris, nem desperta a mesma paixão que o compatriota. O ídolo-maior do futebol brasileiro neste momento é, sem dúvida, Neymar. E, por isso, o coração dos brasileiros estava - pelo menos ali - unido ao dos parisienses. Fosse para festejar, fosse para chorar...como acabaria por acontecer.
Quando a bola começou a rolar já as cervejas - e as garrafas de vinho frisante, bem fresco, para os adeptos mais requintados do PSG - rolavam há muito. Os de Paris começaram melhor. A cada lance de perigo a sala entrava em ebulição. Mas a bola não entrou. Nem uma vez, nem outra, nem outra. O desespero crescia. E cresceu ainda mais quando foi o Bayern - mais assertivo, mais sólido, mais consistente, mais equipa - a marcar, já na segunda parte.
Para muitos o jogo pareceu ficar sentenciado logo ali. Com exceção de um ou outro adepto, num ou noutro lance, a emoção no The Couch não voltou a ser a mesma a partir do momento em que o PSG se viu em desvantagem na Luz.
No fim, houve lágrimas. Sentidas e tocantes. Parisienses, mas também brasileiras. "Neymar era o cara que mais merecia esse troféu. Estou muito triste. O Neymar é um cara sensacional e estou mesmo muito triste. Acho que o Brasil hoje fica mais triste com essa derrota, porque tem muitos brasileiros que gostam do Neymar e ver ele triste desse jeito é de cortar o coração", explicou-nos um dos vários adeptos brasileiros que ali seguiram o jogo, enquanto tentava conter o choro e nos mostrava no seu telemóvel uma mensagem que tinha recebido do próprio astro brasileiro.
E houve 'fair play'. Os poucos adeptos do Bayern ali presentes admitiram que o PSG merecia, pelo menos, o prolongamento, enquanto os adeptos do Paris Saint-Germain, esquecida a dor da derrota, reconheceram que a melhor equipa acabou por levar o troféu. Mas prometeram que para o ano voltarão à carga, para tentarem novamente este título inédito para o clube.
"Allez, Paris!", gritaram. 'Allez', gritamos também nós. Estes adeptos merecem...
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