O treinador do Bordéus, o português Paulo Sousa, manifestou hoje compreensão com o final antecipado da Liga francesa de futebol, devido à covid-19, e acredita que os ‘girondinos' poderiam "subir bastante na tabela" se a prova tivesse prosseguido.
Em declarações à agência Lusa, o técnico considerou que o fim precoce do campeonato gaulês, oficializado na semana passada, após determinação do governo, foi "uma decisão difícil" e que teve "em consideração o que pensam treinadores, jogadores, clubes, médicos, virologistas e economistas", perante a crise mundial de saúde pública.
"Acreditaram que não existiam condições para a realização de mais jogos e nós temos de respeitar e acreditar que esta é a melhor decisão para a realidade francesa. A Liga teve de respeitar o que foi pedido pela UEFA e pelo governo francês. Percebeu que determinar uma classificação final era imperativo", observou Paulo Sousa.
Com o término da prova, quando ainda faltavam 10 jornadas para disputar, o Bordéus ficou no 12.º posto, a quatro pontos de Reims e Nice, quinto e sexto classificados, respetivamente, que poderão ter lugar nas competições europeias da próxima época, caso as finais da Taça da Liga e da Taça de França também sejam canceladas.
Sem esquecer que "neste momento, o importante é o lado humanitário e pensar como sociedade", Paulo Sousa acredita que "muitas coisas seriam diferentes até ao final do campeonato", o que o leva a crer que o próprio Bordéus poderia alcançar "uma melhor classificação", caso a ‘Ligue 1' fosse retomada.
"Já tínhamos jogado, em casa e fora, contra Paris Saint-Germain, Lyon, Marselha e Nice, e acredito que, jogando até ao final do campeonato, tínhamos a possibilidade de subir bastante na tabela. Mas os critérios são iguais para todos e a decisão tem de ser respeitada e entendida, neste momento tão complicado para todos", disse à Lusa.
O antigo futebolista internacional português, que assumiu o comando do Bordéus há pouco mais de um ano, considera que "o futebol vai perder imenso, do ponto de vista económico" com a pandemia e que será necessário "saber encontrar estratégias para minimizar os danos económicos".
"Num momento em que ninguém pouco ou nada sabe, temos a incrível liberdade de continuar a reinventarmo-nos, conceber e construir novos caminhos, por mais difíceis que sejam", concluiu o antigo médio, de 49 anos, que treinou no Reino Unido (Leicester e Swansea), Hungria (Videoton), Israel (Maccabi Telavive), Suíça (Basileia), Itália (Fiorentina) e China (Tianjin Quanjian), antes de rumar à famosa região vinícola de França, em março de 2019.
O campeonato francês 2019/20, que tinha sido interrompido em março, foi oficialmente cancelado na passada quinta-feira e o título de campeão foi atribuído ao Paris Saint-Germain, enquanto o Marselha, comandado pelo também português André Villas-Boas, viu confirmado o segundo posto.
Países Baixos e França já cancelaram os respetivos campeonatos de futebol, ao contrário de Portugal, Alemanha, Inglaterra, Espanha e Itália, que ensaiam o regresso das competições.
França, que regista um total de 24.895 mortos e mais de 168 mil casos confirmados de infeção, é o quinto país do mundo mais afetado pela pandemia de covid-19, depois dos Estados Unidos, Itália, Reino Unido e Espanha.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 247 mil mortos e infetou mais de 3,5 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de um milhão de doentes foram considerados curados.
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