Data de Nascimento: 22/09/1976
Nacionalidade: Brasil
Presenças em Mundiais: 4 (1970, 1974, 1978, 1982)
Jogos em Mundiais: 19
Golos em Mundiais: 15
Títulos em Mundiais: 1 (2002)
Ronaldo foi uma lufada de ar fresco no futebol a meio da década de 1990, quando se deu a conhecer ao mais alto nível (depois de já se ter dado a conhecer no Brasil). Era um verdadeiro fenómeno em campo! Aliava uma técnica e um drible notáveis, típicos dos mais requintados jogadores do futebol brasileiro, a uma potência muscular fora do comum.
Impressionou todos os que o viram jogar. Duas lesões praticamente consecutivas num joelho impediram-no, talvez, de ir ainda mais além e quase ditaram um fim prematuro da sua carreira. Mas não o impediram de concretizar o sonho de levar o Brasil ao penta. Objetivo falhado em 1998 e concretizado em 2002, quando já poucos acreditavam que ainda fosse capaz. Mas foi: brilhou a grande altura no Campeonato do Mundo da Coreia e Japão e gravou para sempre o seu nome como um dos maiores Cromos da História dos Mundiais.
Um fenómeno em todos os clubes por onde passou
Ronaldo Luís Nazário de Lima nasceu em Setembro de 1976 no Rio de Janeiro. Teve uma infância pobre e começou por jogar futsal no Valqueire Tênis Clube. Tentou depois a sua sorte no Flamengo, mas não convenceu o suficiente para que lhe pagassem as viagens para os treinos e a família de Ronaldo não tinha dinheiro para pagar essas deslocações do seu bolso.
Foi então jogar para o São Cristóvão, onde começou a dar que falar pela sua técnica individual e pelo faro pelo golo, acabando por ser levado pelo Cruzeiro quando tinha 16 anos. Na altura ainda um jovem franzino, mas já muito rápido e incrivelmente habilidoso, marcou 55 golos em 58 jogos pelo clube de Belo Horizonte entre 1993 e 1994. Números que lhe valeram a chamada para o Mundial'94 e, depois, a ida para o futebol europeu.
Quem o contratou foi o PSV Eindhoven. Aí, Ronaldinho, como era conhecido na altura (a alcunha de 'Fenômeno' só chegaria mais tarde) marcou 54 golos em 57 jogos, mas sofreu também a sua primeira lesão num joelho. Lesão que não fez o Barcelona hesitar em contratá-lo no verão de 1996.
Em boa hora o fez. No Barça, Ronaldo explodiu em definitivo e, numa altura em que ainda não havia youtube, os seus golos (um, em particular, ao Compostela, foi mítico) eram já motivo de conversa entre os amantes do futebol. Foi eleito melhor jogador do mundo pela primeira vez (viria a sê-lo por mais duas vezes) e terminou a temporada 1996/97 com 47 golos marcados em 49 jogos (números que só se voltariam a ver em Espanha com os astros Lionel Messi e Cristiano Ronaldo). Mas, surpreendentemente, só ficou um ano no Barcelona.
O Inter, que há muito o seguia, prometeu-lhe um salário melhor e pagou a sua cláusula de rescisão: 5,3 milhões de contos (26,5 milhões de euros), fazendo dele o jogador mais caro do mundo na altura. Foi em Milão que surgiu a alcunha de 'Fenômeno', depois de uma primeira temporada notável nos 'nerazzurri', em que marcou 34 golos em 47 jogos.
Seguiu-se o Mundial'98 e mais uma boa temporada no Inter. Só que, no arranque da terceira época em Itália, Ronaldo lesionou-se com gravidade num joelho. Após um longo período de recuperação, voltou a tempo de jogar a final da Taça de Itália, mas só esteve sete minutos em campo. Quando tentava uma das suas fintas mais características, o joelho voltou a ceder. Os gritos de dor e o choro de Ronaldo foram arrepiantes.
Na temporada 1999/2000 só fez oito jogos e perdeu toda a temporada seguinte. Temia-se que a sua carreira tivesse chegado ao fim. Mas Ronaldo - tantas vezes criticado por se dedicar pouco aos treinos e por gostar demasiado da vida extra-futebol - não desistiu. Voltou em 2001/02, fazendo 16 jogos e marcando sete golos, suficientes para convencer Luiz Felipe Scolari a levá-lo ao Mundial 2002, onde iria ser a grande figura. Foi como que o renascer de Ronaldo, que rumaria depois ao Real Madrid para várias temporadas de grande nível.
O ‘tetra’ sem jogar em 1994 e o penta em 2002, depois da desilusão de 1998
Com apenas 17 anos, Ronaldo esteve no Mundial de 1994. Mas, aí, as estrelas ainda eram outras, com a dupla Romário e Bebeto a brilhar na frente e a embalar o Brasil para o seu quarto título mundial da história. Ronaldo não jogou um único minuto (e há quem defenda que, por isso, não pode ser considerado campeão do mundo nesse ano).
Voltou em 1998, já como um dos melhores e mais reconhecidos jogadores do mundo. E o Mundial'98 tinha tudo para ser o seu Campeonato do Mundo. Ronaldo foi correspondendo às expetativas: ficou em branco no primeiro jogo, (vitória por 2-0 sobre a Escócia), mas assinou um golo e uma assistência no segundo (vitória por 3-0 sobre Marrocos). Voltou a ficar em branco no fecho da fase de grupos (3-0 com a Noruega) e bisou nos oitavos-de-final (4-1 ante o Chile), antes de fazer duas assistências na vitória suada por 3-2 sobre a Dinamarca nos 'quartos'. Nas meias-finais marcou o golo do Brasil no empate 1-1 com os Países Baixos (a 'canarinha' venceria no desempate por penáltis).
E eis que chegava o dia da grande final, ante a anfitriã França. Pouco mais de uma hora antes do apito inicial, a surpresa: o nome de Ronaldo não estava na ficha de jogo para alinhar de início pelo Brasil. Acabou, a seu pedido, por jogar, mas a sua exibição foi dececionante. O Brasil perdeu por 3-0 e um momento deu que falar, quando chocou com o guarda-redes francês, Barthez, e pareceu perder os sentidos, deixando os colegas em pânico. A explicação só veio bem mais tarde: Ronaldo tinha tido uma grave convulsão horas antes da final.
Depois, vieram as tais graves lesões no joelho e pensou-se que o sonho de Ronaldo em sagrar-se pentacampeão pelo Brasil não iria passar disso mesmo. Só que, a muito custo - e mesmo com algum peso a mais - recuperou a tempo de estar no Mundial 2002, que seria o da sua consagração definitiva.
Eram muitas as dúvidas em redor da sua real condição à entrada para esse Mundial. Mas, num Brasil onde pontificavam também outras estrelas como Ronaldinho Gaúcho ou Rivaldo, Ronaldo foi mesmo 'rei'. E, ciente de que iria ser o centro das atenções, soube sê-lo por outra razões que não as da controvérsia, apresentando um penteado peculiar para que fosse esse o tema de conversa em seu redor.
Ronaldo entrou 'com tudo' na prova e marcou em todos os jogos da fase de grupos (vitórias sobre Turquia, China e Costa Rica). Nos oitavos de final marcou à Bélgica, somando o quarto jogo seguido a marcar. Ficou 'em branco' nos quartos de final (com a Inglaterra), naquele que seria o único jogo sem Ronaldo marcar na prova. Marcou o golo da vitória sobre a Turquia nas meias-finais e chegava, assim, à final, onde se poderia redimir da final de 1998.
E de que forma se redimiu! Marcou, na segunda parte, os dois golos da vitória do Brasil, que assim conquistava mesmo o penta. Ronaldo foi o melhor marcador da prova, com oito golos.
Ronaldo voltaria ainda para o Mundial 2006, onde ajudaria o Brasil a chegar aos quartos-de-final, apontando três golos que faziam dele, na altura, o melhor marcador da história em mundiais (um recorde que seria, depois, quebrado pelo alemão Miroslav Klose).
E depois do título mundial?
Entre os Mundiais de 2002 e 2006 Ronaldo passou quatro temporadas no Real Madrid, fazendo parte da era dos ‘Galáticos’ do clube madrileno. Apesar de muito se falar dos seus problemas de excesso de peso e de já não ter a capacidade explosiva que caracterizou a sua primeira passagem por Espanha, continuou a mostrar veia goleadora, marcando 104 golos em 177 jogos, calando aqueles que o davam, ano após ano, como acabado
Após o Mundial 2006 rumou ao AC Milan, que seria o seu último clube na Europa. Só esteve meia temporada nos 'rossoneri', jogando 14 partidas e marcando sete golos. Não os problemas físicos eram cada vez mais frequentes: alvo de críticas pelo seu peso (devido, também, a problemas de hipertiroidismo), passando mesmo a ser chamado, por vezes, de 'o gordo', sofreu mais uma grande lesão num e disse adeus ao futebol europeu. Ainda jogou no Corinthians, onde marcou 35 golos em 69 jogos antes de pendurar em definitivo, as chuteiras em 2011.
Depois de pendurar as chuteiras Ronaldo tornou-se empresário. É, atualmente, acionista maioritário e presidente do Real Valladolid e em dezembro de 2021 passou também a deter o controlo do Cruzeiro, o seu primeiro clube como futebolista profissional.
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