Cinco épocas depois da sua retumbante chegada, João Félix termina a sua ligação com Atlético Madrid sem nunca ter mostrado todo o potencial que se lhe reconhece. O jovem de 24 anos vai agora prosseguir a carreira no caótico Chelsea (que já o tinha rejeitado no final de 2022/23), que parece contratar tudo o que mexe e seja jovem.

O extremo assinou um contrato de longa duração - sete épocas -, num clube onde vai tentar projetar a carreira pela segunda vez.

"Estou feliz por estar de regresso ao Chelsea e ansioso por começar. Vejo algumas caras familiares da última vez que estive cá. Adorei essa minha primeira passagem aqui e disse aos amigos e familiares que gostaria de voltar à Premier League um dia. Faze-lo com o Chelsea é fantástico e estou feliz por estar de volta", disse ao site do clube.

Apesar de nenhum dos emblemas ter adiantado os valores envolvidos no negócio, tanto a imprensa espanhola como a inglesa referem que o Chelsea pagou 50 milhões de euros (ME) fixos pela transferência do avançado luso, aos quais poderão acrescer cinco milhões mediante o cumprimento de determinados objetivos.

As expetativas dos 126 ME

Depois de brilhar numa época no Benfica com Bruno Lage em 2018/19 (20 golos, oito assistências em 43 partidas), o Atlético Madrid pagou 126 milhões de euros pelo seu passe (a cláusula de rescisão era de 120 ME). Aos 19 anos, o extremo/avançado tornava-se na maior venda de sempre de um clube português (a quinta mais alta de sempre no futebol) e ainda no português mais caro da história, ultrapassando os 100 milhões de euros que a Juventus pagou por Cristiano Ronaldo ao Real Madrid, em 2018/19.

Nesse mesmo ano, além de ter ajudado o Benfica a sagrar-se campeão nacional, após recuperar sete pontos de atraso para o FC Porto, João Félix tornou-se no segundo português a vencer o 'Golden Boy', o prémio atribuído pelo jornal 'Tutto Sport' ao melhor jogador sub-21 do Mundo. Renato Sanches, também formado no Benfica, tinha sido o outro luso a ganhar este galardão.

Apesar das muitas expetativas criadas com a sua contratação, o prodígio português nunca conseguiu impor-se na equipa de Diego Simeone, um treinador que prefere jogadores mais batalhadores e trabalhadores que tecnicistas e fantasistas.

A sua passagem pelo emblema colchonero fica marcado pelos inúmeros problemas com o treinador argentino, com troca de acusações na imprensa, mas também por problemas extracampo e muitas lesões.

O próprio chegou a confessar que nunca quis jogar no Atlético Madrid, deixando entender que a transferência do Benfica para os colconheros não era do seu agrado.

No Atlético, marcou 34 golos nos 131 jogos que disputou pelo emblema de Madrid, em quatro temporadas, conquistando um título de campeão espanhol.

Dois empréstimos depois, tudo igual

A direção do Atlético Madrid tentou sempre algo com o jogador, como quando o emprestou O Chelsea a meio da temporada 2022/23. Esperava-se que o português pudesse aproveitar a Premier League para finalmente mostrar o seu talento, mas tal não veio a suceder. Estreou-se nos Blues diante do Fulham, num jogo onde foi expulso e apanhou três jogos de castigo.

Voltou depois, primeiro a titular, e depois a sair do banco de suplentes, para participar em 20 jogos e marcar quatro golos em meia época no clube londrino. No final dessa época, o Chelsea informava o Atlético Madrid que não pretendia ficar com o português.

João Félix teria de regressar ao Atlético Madrid, onde nunca se sentiu em casa, para voltar a estar às ordens de um Diego Simeone com quem nunca teve uma boa relação. Com poucos minutos somados na pré-época e em face dos rumores que davam conta de um interesse dos culés, o extremo chegou a dizer, em entrevista, que o seu sonho seria jogar no Barcelona, quando as partes ainda estavam em negociações.

Seria cedido por uma época a um Barcelona em renovação, com a particularidade de agora estar com uma equipa e um treinador cujo futebol ia de encontro às suas caraterísticas. Mas ainda não seria desta que João Félix iria mostrar o seu talento.

O português foi lançado a meio do jogo com o Osasuna no início de 2023/24, foi titular nos 11 jogos seguintes dos blaugrana, até perder espaço. Félix voltava ao banco, alternando essa situação com a de titular em algumas partidas. Perdeu espaço para Ferrán Torres, Raphinha e o prodígio Lamine Yamal.

Os 10 golos e seis assistências em 44 jogos pelo Barcelona não foram suficientes para convencer os dirigentes do clube catalão a negociarem a sua continuidade.

Chelsea, take II

Frustrado, o craque português voltava à estaca zero: recomeçar tudo no Atlético Madrid, à espera de uma solução diferente, uma vez que ficou claro desde cedo que não contava muito para Diego Simeone.

O Chelsea, que o tinha rejeitado no final de 2022/23, acabou por ser a solução. Agora, sob o comando de Enzo Maresca, o português de 24 anos tentará mostrar que ainda tem muito a dar ao futebol.

Só que a escolha, mais uma vez, poderá não ser a melhor. No Chelsea, João Félix vai encontrar num clube caótico, que parece contratar tudo o que mexe e seja jovem, com um plantel gigante, onde não pára de chegar futebolistas. Ao todo, são 48 os jogadores às ordens de Maresca.

Em Stamford Bridge, lutará por um lugar na equipa com Madueke, Pedro Neto, Cole Palmer, Nkunku e Mudryk, se o técnico olhar para ele como um extremo. Será desta, João?