Esta segunda-feira, a Agência de Investigação de Acidentes Aéreos Britânica (AAIB) divulgou as primeiras conclusões sobre o acidente que vitimou o jogador Emiliano Sala e o piloto David Ibbotson a 21 de janeiro deste ano.
O relatório da AAIB revela que os destroços do monomotor Piper PA-46-310P Malibu foram encontrados a apenas 30 metros do local onde o último contacto foi feito, por volta das 20h00 de dia 21. A agência concluiu que o avião caiu a pique em direção ao fundo do Canal da Mancha, a cerca de 20 kms a norte de Guernsey.
Os investigadores explicam ainda que o piloto David Ibbotson tentou "levantar voo depois de perder altitude antes de cair desamparado ao mar". Ainda não foi apurada a causa do acidente, mas os responsáveis da investigação sabem que o piloto pediu para descer de altitude para evitar a nebulosidade, pouco antes de desaparecer.
O relatório revela ainda que o avião tinha sido submetido a uma manutenção alguns meses antes do acidente e que não tinha problemas. Os investigadores garantem ainda que a aeronave estava equipada com "um sistema de proteção contra gelo que permitia voar nessas condições".
A aeronave, registada nos Estados Unidos, “não podia ser utilizada para voos comerciais sem autorização da FAA e da CAA”, as autoridades de regulação da aviação civil nos Estados Unidos e no Reino Unido, respetivamente, “não havendo qualquer prova de que essa autorização tivesse sido pedida ou concedida”, escreveram os investigadores no relatório que apresentaram sobre o acidente.
Os investigadores indicam que David Ibbotson tinha uma licença de piloto emitida pela Agência Europeia para a Segurança da Aviação, mas essa licença não pressupõe necessariamente uma autorização para voar à noite, e a AAIB diz desconhecer se o piloto possuía ou não tal autorização.
"Estima-se que a licença e o registo do piloto se perderam com a queda da aeronave", escreveram os investigadores, sendo que o aparelho foi localizado, mas não recuperado, permanecendo a 67 metros de profundidade.
Os vídeos feitos por um robô no fundo do mar mostram a aeronave “severamente danificada”, partida em três partes “mantidas apenas ligadas por cabos elétricos e cabos de controlo da aeronave”.
Recorde-se que, o corpo de Emiliano Sala foi retirado dos destroços do avião cerca de duas semanas depois do seu desaparecimento. A autópsia realizada em Inglaterra revelou que o avançado argentino morreu em resultado de "lesões no corpo e cabeça", causadas pelo impacto do avião.
O corpo do jogador argentino foi identificado pelas impressões digitais, sendo que o inquérito à sua morte já foi aberto, estando as novas diligências marcadas para novembro deste ano.
O avião que transportava Emiliano Sala, de 28 anos, desapareceu dos radares em 21 de janeiro, quando o futebolista e o piloto David Ibbotson, de 59 anos, desaparecido, seguiam viagem de Nantes para Cardiff, onde o atleta era esperado no dia seguinte para treinar no seu novo clube.
O corpo do futebolista foi encontrado dentro da avioneta, a 67 metros de profundidade, a norte da ilha de Guernsey, em 03 de fevereiro, sendo identificado quatro dias depois.
Sala tinha assinado contrato com o Cardiff City, por quem não chegou a ser apresentado. O clube galês homenageou-o no sábado com um minuto de silêncio, antes do jogo contra o Southampton.
O argentino tinha iniciado a carreira nos portugueses do FC Crato e representou também o Bordéus, o Orleáns, o Chamois Niortais, o Caen e o Nantes.
O atleta tinha sido treinado por Sérgio Conceição, atual técnico do FC Porto, na sua passagem pelo Nantes, no qual foi companheiro de Sérgio Oliveira, e também por Miguel Cardoso, atual técnico do Celta de Vigo, mas que iniciou a época no clube francês.
*Artigo atualizado
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