Na leitura do acórdão sobre o ataque a Academia de Alcochete que decorreu no tribunal de Monsanto, em Lisboa, a juíza Sílvia Pires explicou aos arguidos a decisão tomada pelo coletivo de juízes em absolver todos os arguidos do crime de sequestro e terrorismo.
A juíza Sílvia Pires deu uma autêntica lição de moral aos arguidos, explicando-lhes que a decisão era uma oportunidade que os tribunal lhes dava.
"Os senhores vão condenados, uns em pena suspensa outros em pena efetiva. É uma oportunidade que o tribunal vos dá, se bem que vocês não deram oportunidade às outras pessoas. É a vossa oportunidade de mostrar que não são aquelas pessoas, é para agarrarem com ambas as mãos. São 5 anos de pena suspensa. Estou aqui para vos dar a oportunidade e estou cá para tirar, se saírem daqui a pensar: safei-me, daqui a 6 meses estão cá outra vez. Isto não é desporto, não é amor ao clube. É crime. Crime. Espero que agarrem a oportunidade que o tribunal vos está a dar. Todos nós erramos, com mais ou menos gravidade. Mas ser homem não é tapar a cara e entrar num sítio a correr, é assumir os erros, cumprir a pena e dar a volta por cima. Espero que os senhores assumam os erros, cumpram a pena e recomecem", afirmou a juíza Sílvia Pires.
Na leitura da sentença que decorreu esta quinta-feira no tribunal de Monsanto, em Lisboa, a juíza Sílvia Pires criticou a forma de atuação dos arguidos.
"As imagens são bastante reveladoras. Quem gosta não bate, não ameaça, não injuria. Isto é crime. Os nossos direitos começam e terminam. Entraram à patrão, desculpem-me a expressão, levaram tudo à frente, não tenho dúvida que agiram de forma concertada, entraram na academia, bateram nos jogadores. Agiram em grupo e por isso levam todos os mesmos crimes", justificou.
Na mesma leitura, a magistrada lembrou que os julgamentos são feitos em tribunal e não na praça pública.
"A prova faz-se em julgamento, não no café, nos comentários, nos jornais. No julgamento e com regras e as pessoas não são condenadas e absolvidas só porque parece que. Fazemos a prova em julgamento. Não se fez qualquer prova que o arguido Bruno de Carvalho tenha feito, o mesmo raciocínio para Nuno Mendes. Não se pode atribuir a posse de produto estupefaciente. Não se pode dar prova de só por ser presidente da Juve Leo que tenha lá ido apenas por que deu a ordem. Também vai absolvido. Bruno Jacinto também não se fez prova que tenha instigado. Os outros 37 arguidos, não há dúvidas", afirmou.
A juíza lembrou aos arguidos que eles não respeitaram o lema do Sporting: 'Esforço, devoção, dedicação e glória'.
"Este lema do Sporting foi à lama, foi o que os senhores fizeram, foi tudo ao lado. De tudo o que dizem que respeitaram e amaram. Espero que aprendam a respeitar os outros. Estou certo que não querem os outros se comportem convosco desta forma. Cumpram a pena e não cometam mais nenhum crime. Qualquer pessoa sentada no meu lugar, o que quer é nunca mais ver a outra pessoa. Pensam o que fizeram aos outros, à vossa família e como vão recuperar a vossa vida. Meus senhores, vão à vossa vida", finalizou.
O antigo líder da claque Juventude Leonina Fernando Mendes e outros oito arguidos foram condenados a cinco anos de prisão efetiva, 29 foram condenados a penas entre três anos e seis meses e quatro anos e 10 meses, suspensas por cinco anos, enquanto três foram condenados a penas de multa.
Já o antigo presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, foi absolvido da autoria moral da invasão à Academia do clube, em Alcochete, em 15 de maio de 2018, tal como o líder da claque Juventude Leonina, Nuno Mendes, conhecido por Mustafá, e o ex-Oficial de Ligação aos Adeptos (OLA) do clube Bruno Jacinto.
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