O Sporting venceu este domingo o Arouca por 0-3, em jogo relativo à 25ª jornada da Primeira Liga. Num relvado muito complicado, os leões souberam gerir o esforço e o desenrolar dos acontecimentos, mostrando maturidade ao baixar as linhas trancar as portas da baliza quando foi necessário.
Na segunda Rúben Amorim foi refrescando a equipa e esta voltou a pressionar alto o adversário, impedindo os sobressaltos vividos no final da primeira parte e acabando por sentenciar a partida já nos descontos.
Esta importante vitória permite aos leões assegurar o primeiro lugar do campeonato no final da jornada, ao mesmo tempo que interrompe a boa série de resultados dos arouquenses.
O jogo: O pragmatismo de uma boa gestão
Após um empate sofrido diante da Atalanta para a Liga Europa, o Sporting voltou ao campeonato disposto a voltar às boas exibições e, acima de tudo, dos bons resultados. Apesar de uma série intensa de jogos, Rúben Amorim, que cumpriu o jogo 200 à frente dos leões, fez apenas três alterações relativamente ao onze que iniciara a partida diante dos italianos; Hjulmand, Pedro Gonçalves e Gyokeres entraram para os lugares de Koba, Edwards e Paulinho. Já do lado arouquense, e depois da goleada imposta ao GD Chaves, Daniel Sousa fez apenas uma mudança, e forçada, trocando o lesionado Bambu por Galovic.
A chuva começou a cair logo após o apito inicial de Nuno Almeida, juntava-se a isso um relvado por si só já em condições duvidosas e estava projetada assim uma partida que tinha tudo para ser totalmente diferente daquilo a que Arouca e Sporting nos habituaram esta época; faltava agora ver qual das equipas melhor se adaptaria à constante deterioração do tereno de jogo.
Os leões aproveitaram os primeiros minutos, e com o terreno ainda em condições razoáveis, para assumir o controle da partida, procurando a profundidade de Gyokeres ou Catamo para criar desequilíbrios nas faixas; em duas dessas iniciativas Pedro Gonçalves teve possibilidade de remate já dentro da área, acabando por embater no muro amarelo arouquense.
Todavia o domínio leonino acabaria mesmo por se materializar em golos; 19 minutos Trincão acelerou e encontrou Matheus Reis na esquerda que, sem oposição cruzou rasteiro já dentro da área para Viktor Gyokeres que, à boca da baliza, apenas teve de empurrar.
Em desvantagem os comandados de Daniel Sousa procuraram a reação, isto após vinte minutos onde não incomodaram os leões junto ao seu reduto. Ciente do desgaste físico e psicológico a que tem vindo a ser submetido devido ao elevado número de jogos, o Sporting não teve pejo em recuar as suas linhas, dando assim mais bola aos arouquenses, que agora pressionavam mais alto e mostravam maior agressividade.
Os últimos 25 minutos da primeira parte pertenceram quase exclusivamente à equipa da casa, que conseguiu criar boas oportunidades para empatar. Aos 31 minutos Jason fugiu pela direita e cruzou para o coração da área, mas Mujica acabou por chegar atrasado à emenda na cara de Israel.
Três minutos depois o guarda-redes da formação de Alvalade foi mesmo obrigado a aplicar-se a fundo ao travar um remate com selo de golo de Sylla após boa iniciativa individual. O intervalo chegava e as últimas sensações antecipavam uma segunda parte de sofrimento verde e branco.
Como que antecipando tal cenário, Amorim trocou Eduardo Quaresma por Gonçalo Inácio, refrescando assim a linha defensiva. Ao contrário do que se esperava, os verdes e brancos voltaram a subir o bloco na segunda parte e a pressionar o Arouca mais à frente, impedindo os lobos da Serra da Freita de desenhar as suas rápidas transições ofensivas.
Para assegurar este nível de pressão e conseguir lidar com um relvado que agora se assemelhava à superfície lunar, o treinador do Sporting foi refrescando gradualmente a equipa em todos os setores. Com a chamada 'nota artística' atirada pela janela, ambas as equipas encetaram um combate, mormente jogado longe das balizas, onde a inspiração dava agora lugar à transpiração e capacidade de luta.
Apesar do desgaste notório nas duas equipas, a vantagem mínima dos leões deixava em aberto um assalto final do Arouca à baliza adversária. Todavia, o pragmatismo e solidez defensiva leonina, não só não deu veleidades aos homens de casa, como também abriu possibilidades para explorar o espaço deixado nas costas da defesa do Arouca.
Tais espaços acabaram mesmo por ser aproveitados pelos lisboetas para matar a partida já no tempo de descontos; aos 91 minutos Hjulmand recupera a bola e Paulinho lançou Geny Catamo na direita que, com espaço, tirou dois adversários do caminho antes de fuzilar as redes do desamparado De Arruabarrena.
O jogo estava resolvido, mas ainda haviam mais cinco minutos para jogar. Compreensivelmente, o Arouca baixou completamente os braços após o 0-2, baixando os níveis de concentração, algo que acabou por lhes custar mais um golo. Hjulmand rouba a bola a David Simão e Gyokeres ganha o ressalto e devolve ao dinamarquês que, totalmente à vontade, não teve dificuldade em fazer o 0-3, fechando assim o resultado final.
Um leão pragmático e maduro conseguiu sair de Arouca com uma vitória muito importante na luta pelo título, e na véspera de um jogo decisivo diante da Atalanta. Já os lobos falham a aproximação ao sexto lugar do Moreirense, isto em vésperas da visita a casa dos cónegos na próxima jornada.
O momento do jogo: Israel francamente decisivo
Após o Sporting ter inaugurado o marcador, o Arouca procurou reagir, aproximando-se com cada vez mais perigo da área dos leões. Pouco depois de Mujica ter falhado uma emenda à boca da baliza por muito pouco, Sylla arrancou pela esquerda e fletiu para o meio, atirando forte e cruzado; o remate tinha selo de golo mas Franco Israel esticou-se e, com a ponta dos dedos, defendeu o tiro do maliano, segurando assim a vantagem da equipa de Alvalade até ao intervalo.
O melhor: Adivinha quem é?
Viktor Gyokeres regressou à titularidade no Sporting, após ter começado o jogo com a Atalanta no banco de suplentes. Como tem vindo a ser habitual, o sueco mostrou-se ao jogo desde cedo, procurando escapar às marcações adversárias ao fugir para os flancos e procurar diagonais. Para além do golo da praxe, e da assistência para o terceiro de Hjulmand, o avançado sueco foi uma constante dor de cabeça, especialmente para Galovic, fazendo-se usar dos seus atributos físicos e técnicos para segurar a bola no ataque, e manter a defesa do Arouca em alerta constante.
O pior: Faltou o galego no tridente espanhol
A chuva constante e o estado do relvado cedo anteciparam um jogo de pouco recorte técnico. Neste tipo de cenário são os mais virtuosos quem acabam por evidenciar mais dificuldades e este jogo não foi exceção. Jason é habitualmente um dos principais criativos da equipa do Arouca, procurando frequentemente a velocidade dos flancos, ou combinações com Mujica ou Cristo.
Perante as vicissitudes do jogo, e apesar da entrega, o extremo espanhol passou um pouco ao lado do jogo, tendo sido incapaz de criar desequilíbrios junto da área do Sporting, exceção feita a um cruzamento na direita, ao qual Mujica chegou ligeiramente atrasado. O agravar do estado do terreno e o natural desgaste, levou à sua saída aos 72 minutos.
O que disseram os treinadores
Daniel Sousa, treinador do Arouca
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