Vindo de um empate 3-3 em Braga que - apesar de se tratar apenas da 1.ª jornada, frente a um adversário de respeito - tinha levantado muitas questões, sobretudo pelos três golos sofridos e pela forma como por três vezes deixou fugir vantagens no marcador, o Sporting respondeu à altura em Alvalade.
Com uma exibição em crescendo, os leões voltaram a marcar três golos (mesmo sem terem um ponta de lança de raiz em campo) e, desta vez, não sofreram nenhum, alcançando uma vitória que nunca pareceu em risco. A confiança foi subindo a partir do momento em que as oportunidades - e o primeiro golo - surgiram e a turma de Rúben Amorim partiu depois para momentos de bom futebol, jogadas de qualidade e mais dois grandes golos que parecem ter restaurado entre os adeptos a confiança que ameaçava fugir depois do arranque titubeante no Minho.
Segue-se, na terceira jornada, o FC Porto, no Estádio do Dragão, outra vez sem Paulinho na frente de ataque. Mas se o ataque composto por três jogadores móveis como são Francisco Trincão, Marcus Edwards e Pedro Gonçalves responder como respondeu ante o Rio Ave e se a defesa - pouco testada ante o Rio Ave inoperante ofensivamente - se apresentar a um nível mais seguro do que o fez na ronda inaugural, então os sportinguistas têm, agora, razões para estar mais confiantes.
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O jogo: Uma direita de respeito, um Pote que parece estar novamente cheio de golos e Matheus Nunes a encher o pé
Rúben Amorim apostou em três mexidas em relação ao 'onze' que havia apresentado em Braga. Regressado de castigo, Luís Neto foi titular na defesa, com Matheus Reis a passar para a ala esquerda e Nuno Santos relegado para o banco. Ugarte, recuperado a 100 por cento, foi titular no lugar de Morita. E, para o lugar de Paulinho, lesionado, entrou Marcus Edwars, o que significou que o Sporting atuou sem ponta de lança de raíz, com três jogadoores mais móveis, ainda que com Pedro Gonçalves a surgir mais vezes no meio.
Talvez por se estar a adaptar a falta de referência na frente, ou talvez pelo nervosismo inerente ao desfecho do jogo da 1.ª jornada, o Sporting não deslumbrou nos minutos iniciais e só despertou para a exibição consistente e convincente que acabou por realizar quando, a meio do primeiro tempo, Marcus Edwards recebeu na direita na sequência de uma das raras jogadas incisivas que a formação leonina havia feito até então. O inglês fletiu para dentro, deixou um adversário pregado ao solo com um drible e rematou em jeito, mas por cima.
Os adeptos e a equipa como que despertaram em uníssono e estava dado o mote para o que se iria seguir, com as oportunidades de golo a sucederem-se umas atrás das outras até ao golo inaugural. Pedro Porro rematou ligeiramente ao lado no minuto seguinte e dois minutos depois (sempre em lances nascidos do flanco direito), Francisco Trincão rematou em jeito à trave (o ex-Barcelona continua, desesperadamente, à procura do seu primeiroo golo de leão ao peito).
Mas quem sabe e bem o que é marcar de leão ao peito é Pedro Gonçalves. E foi o que fez. Deixou um primeiro aviso falhando (algo raro) quando surgiu isolado na cara do guarda-redes contrário perto da meia hora, mas marcou mesmo pouco depois: ainda e sempre pelo flanco direito, Porro desmarcou Marcus Edwards, que levou a melhor sobre o adversário direto na linha de fundo e cruzou tenso e rasteiro para Pote encostar.
O Rio Ave não fez um único remate na primeira parte e o Sporting saiu a ganhar por 1-0 para o intervalo. O 2-0 quase surgiu a abrir a segunda, outra vez por Pedro Gonçalves, mas seria Matheus Nunes a marcar esse segundo golo, com estrondo. O jogo até parecia meio adormecido, mas o médio fez questão de voltar a acordar toda a gente com um tiraço do meio da rua que só parou no fundo das redes.
Se o Rio Ave já era inoperante, baixou de vez os braços e o Sporting aproveitou para continuar a convencer os cerca de 30 mil adeptos que se deslocaram a Alvalade. No seguimento de uma fantástica jogada coletiva, Trincão isolou o inevitável Pedro Gonçalves e este, com enorme classe, picou a bola à saída do guarda-redes contrário e fez o 3-0. Pote ainda enviaria uma bola à trave, mas estava fixado o resultado final, debaixo de muitos aplausos.
O momento: Que tiro de Matheus Nunes
Não terá sido o momento que ditou o rumo do jogo - esse foi o 1-0, por Pedro Gonçalves - mas foi o momento que deixou tudo e todos de boca aberta. Estavam decorridos 67 minutos quando Matheus Nunes recebeu a bola dos pés de Marcus Edwards ainda a meio do meio campo do Rio Ave, ajeitou o esférico e atirou uma bomba de fora da área, com a bola a entrar junto ao ângulo! Jhonatan ainda tocou ao de leve no esférico, mas não havia como parar aquele disparo. Um golaço!
Os melhores: Edwards a marcar posição, Pedro Gonçalves a voltar ao que era e Porro a todo o gás pela direita
Com uma exibição coletiva consistente, a maioria dos jogadores do Sporting foram subindo de nível à medida que os minutos foram passando, mas alguns mostraram credenciais desde cedo.
Com os leões a canalizarem a maior parte das suas jogadas pela direita, Pedro Porro mostrou um ritmo muito acima de todos os outros logo desde o apito inicial. O espanhol cansa só de ver pela forma como sobe e desce pelo seu flanco e é, neste arranque de temporada, responsável por muitos dos desequilíbrios que a equipa consegue causar.
Esta noite titular, Marcus Edwards, que já havia entrado bem em Braga, marcando mesmo um golo, foi outro dos desequlibradores. Foi ele que criou os primeiros problemas à defesa do Rio Ave e foi dele a assistência para o primeiro golo (e, se assim quisermos considerar, também para o segundo). O inglês começa a mostrar que pode ser um caso sério na equipa de Amorim.
E, depois, claro, há Pedro Gonçalves. Pote mostrou muitos pormenores de classe, bisou, surgiu em posição de finalização mais algumas vezes e já leva três golos na I Liga 2022/23 (na pré-época também já tinha tido veia goleadora). Os adeptos do Sporting já estarão a sonhar com uma época de Pote igual à do título, em que foi o melhor marcador da prova.
O pior: Rio Ave inoperante em termos ofensivos
Zero remates e apenas dois lances no último terço do terreno na primeira parte, com 35 por cento de posse de bola. Três remates (um na direção do alvo) um pontapé de canto e os mesmos 35 por cento de posse de bola ao fim dos 90 minutos. O Rio Ave foi verdadeiramente inoperante em Alvalade e não conseguiu sequer tentar partido de algum nervosismo que a defesa do Sporting poderia aproveitar depois da primeira jornada. E, depois da derrota caseira, por 1-0, ante o Vizela na ronda inaugural, já lá vão 180 minutos de jogo e nenhum golo marcado pelos vilacondenses.
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