Os dois observadores foram ouvidos na segunda sessão do julgamento no Campus da Justiça, em Lisboa, e, quando confrontados com escutas telefónicas, refutaram que "não ligaram a nada do que disse" António Henriques, conselheiro do Conselho de Arbitragem (CA) de Federação Portuguesa de Futebol (FPF) presidido por Pinto de Sousa de 1998 a 2004.
No entanto, o tribunal estabeleceu uma relação directa entre as subidas e descidas de árbitros visados nos telefonemas entre António Henriques e os observadores Jorge Mendonça e Paulo Pita da Silva, entre os quais João Capela e Vasco Santos, que integram actualmente os quadros da Liga.
Carlos Esteves, na altura dos factos vogal do CA da FPF e que neste momento preside ao órgão, também foi questionado sobre o sistema de classificação dos árbitros.
O dirigente lembrou que, na qualidade de vogal do CA da FPF, perguntou pelos mapas de classificação dos árbitros no final da época de 2002/03 e que lhe disseram que havia factores de correcção e que "não estavam prontos".
"Quando regressei do café já estavam aprovados", garantiu Carlos Esteves em tribunal.
Para esta sessão estava programada a inquirição como testemunha de defesa de Gilberto Madail, mas o presidente da FPF não compareceu, apresentando atestado médico.
Pinto de Sousa, presidente do Conselho de Arbitragem da FPF de 1983 a 1989 e de 1998 a 2004, é um dos arguidos neste processo, acusado da prática de um total de 144 crimes, 115 de falsificação de documentos e 29 de falsificação de documentos na forma tentada.
António Henriques, António Azevedo Duarte, Luís Nunes e Francisco Costa, conselheiros do órgão da FPF presidido por Pinto de Sousa de 1998 a 2004, também serão julgados no âmbito deste processo.
O responsável pela informática da FPF, Paulo Torrão Gonçalves, os observadores João Penicho, Paulo Pita da Silva, José Marques Mendonça, António Fernandes Resende e João Henriques e os árbitros Manuel Nabais, Manuel da Cunha, Joaquim Soares, Marco de Castro Santos e António Fernandes completam os arguidos.
O julgamento prossegue a 17 e 24 de Fevereiro e a 03, 10, 17, 23 e 24 de Março.
Esta acção, em que o Ministério Público sustentou a acusação em provas periciais, foi originada pela certidão número 51 extraída do Apito Dourado, um processo judicial sobre eventual corrupção na arbitragem e no futebol profissional e outros crimes associados, uma investigação da equipa da procuradora adjunta Maria José Morgado.
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