Em declarações à agência Lusa, numa semana em que o Benfica alienou percentagens de mais cinco futebolistas ao fundo e encaixou mais 10,2 milhões de euros, Bagão Félix falou na importância deste tipo de fundos, sobretudo para entidades que têm problemas de liquidez a curto prazo.

"Parece-me uma solução inteligente, porque além do mais permite compatibilizar a questão da gestão dos activos com a liquidez de curto prazo e permite uma melhor gestão de alienações e de aquisições de jogadores, o que por exemplo no mercado de inverno é importante", disse.

O economista admitiu os riscos inerentes nas transacções, mas que estes vão nos dois sentidos: para o Benfica quando cede uma percentagem e vê mais tarde o jogador ser transaccionado por valores mais elevados, ou para o fundo quando um futebolista acaba por valer menos.

Um aspecto crucial para Bagão Félix é que este tipo de operações permite adequar "o ritmo temporal": "Por um lado temos a utilização e amortização do passe do jogador, e por outro a futura transacção dos mesmos direitos do jogador".
"Parece-me aquilo que podemos chamar de economia de congruência", referiu Bagão Félix.

Nos tempos que correm e num mercado global de grandes dimensões, o antigo ministro das finanças e também do trabalho e segurança social, reiterou a ideia de se tratar de uma "gestão inteligente, correcta e moderna", com uma opção por "engenharia financeira inteligente" em detrimento de uma visão artesanal das coisas.

Para Bagão Félix, no entanto, um ponto fundamental é perceber "se o preço definido para a transacção parcial dos direitos do jogador para o fundo é um preço de mercado e se atende minimamente às condições de mercado, sob pena do risco poder ser maior e sobretudo a transacção não fazer sentido".

O economista acredita que as entidades com participações no fundo zelam pelos seus interesses - em que o risco pode ser de sinal contrário - e por isso tendem a encontrar "um preço que equivale mais ou menos ao preço de mercado".

Desde a criação do Benfica Stars Fund - Fundo Especial de Investimento Mobiliário Fechado (gerido pela ESAF - Espírito Santo Fundos de Investimento Mobiliário SA), o Benfica já alienou passes de 17 dos seus futebolistas, num encaixe total para a SAD do Benfica na ordem dos 32,2 milhões de euros.

Entre os passes subscritos pelo fundo estão David Luiz (25 por cento por 4,5 milhões de euros), Di Maria (20 por cento por 4,4 milhões de euros) ou mais recentemente Cardozo (20 por cento por 4 milhões de euros).

O empresário Joe Berardo já disse ser um dos subscritores do fundo (com um milhão de euros) e a própria Benfica SAD tem capitais no fundo, depois de em Outubro ter feito uma subscrição de cinco por cento no total de seis milhões de euros.

BENFICA STARS FUND:

David Luiz: 25% / 4,5 ME
Di Maria: 20 por cento / 4,4 ME
Oscar Cardozo: 20% / 4 ME
Javi Garcia: 20% / 3,4 ME
Fábio Coentrão: 20% / 3 ME
Roderick: 25% / 2 ME
Nelson Oliveira: 25% / 2 ME
Ruben Amorim: 50% / 1,5 ME
Felipe Menezes: 30% / 1,5 ME
Shaffer: 40% / 1,4 ME
Maxi Pereira: 30% / 1,35 ME
Urreta: 20% / 1,2 ME
Miguel Vítor: 25% / 500 000 euros
Halliche: 20% / 400 000 euros
Leandro Pimenta: 25% / 375 000 euros
David Simão: 25% / 375 000 euros
Yartey: 25% / 375 000 euros
TOTAL: 32 275 ME (encaixe realizado pela Benfica SAD)