O Gil Vicente consumou com tranquilidade a permanência na I Liga de futebol, à qual regressou pela via administrativa, após o ‘caso Mateus’, superando as melhores expectativas graças à aposta sólida em Vítor Oliveira.
Condenados à descida na secretaria há 13 anos, os minhotos competiram sem pontuar uma época no Campeonato de Portugal e revitalizaram uma estrutura de transição no defeso, da qual sobraram apenas quatro atletas, contratando um dos treinadores lusos mais conceituados e 22 reforços de latitudes, currículos e qualidades diferenciadas.
Ao arranque auspicioso prometido na receção vitoriosa ao FC Porto (2-1), o Gil Vicente acumulou quatro empates e outras tantas derrotas, que significaram a pior série de resultados no campeonato e a queda gradual até ao 15.º posto, invertida num ápice com triunfos sobre Marítimo (2-0), Desportivo das Aves (2-1, fora) e Sporting (3-1).
Priorizando a coesão defensiva, na qual sobressaíram a agilidade do totalista Denis, a liderança do ‘capitão’ Rúben Fernandes e o sentido posicional do trinco Soares, a formação de Barcelos colheu frutos em contra-ataques descomplexados, com o criativo Kraev, que ainda apontou oito golos, e o veloz Lourency a municiarem os 10 tentos do goleador Sandro Lima.
A subida de entrosamento premiou o Gil Vicente no final de janeiro, quando entrou na segunda volta no oitavo posto, com oito pontos à maior para a zona de descida e o estatuto de única equipa imbatível em casa, enquanto fortalecia o ataque com os regressados Rúben Ribeiro (quatro golos e quatro assistências) e Hugo Vieira.
Apesar de a tendência invencível ter caído com estrondo logo na primeira receção da etapa complementar (1-5 com o Moreirense), os ‘galos’ subiram o rendimento fora de portas (10 pontos contra cinco) e dobraram a fasquia dos 30 pontos em março, aquando da paragem motivada pela pandemia de covid-19.
Esse interregno alimentou dúvidas acerca do futuro de Vítor Oliveira e abalou a confiança de um dos conjuntos mais estáveis da prova, ao ponto de ter retomado com três desaires sucessivos (0-1 em Portimão, 1-3 com Famalicão e 1-2 no Funchal) em junho, que levaram o técnico a anunciar a saída no final da época.
Apelando ao sentido coletivo, o Gil Vicente respondeu com vitórias seguidas com Rio Ave (1-0), Vitória de Guimarães (2-1, fora) e Tondela (3-2) e culminou o maior desafio da carreira do ‘rei das subidas’ no 10.º lugar, com 43 pontos, 10 pontos acima da zona de descida.
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