O título de campeão da I Liga do Benfica explica-se pelos pontos ganhos em terrenos onde os rivais escorregaram. Numa época onde as águias fizeram-se fortes entre os menos fortes, a equipa de Roger Schmidt foi impondo a sua vontade e mesmo nos jogos onde as exibições ficaram abaixo do desejado, os três pontos foram garantidos.

A formação encarnada liderou do início ao fim e foi gerindo a vantagem, dilatada ao logo da época após escorregadelas dos rivais nos campos dos ditos pequenos. Durante a época, o Benfica perdeu apenas cinco pontos diante dos não candidatos ao título, no empate fora com o Vitória de Guimarães e na derrota, também fora, com o Desportivo de Chaves.

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O FC Porto, o mais direto perseguidor, perdeu com Rio Ave e Gil Vicente e empatou com Estoril, Santa Clara e Casa Pia, desperdiçando assim 12 pontos com os ditos pequenos.

Pontos perdidos por Benfica, FC Porto, SC Braga e Sporting, candidatos ao título da I Liga, nos duelos com os clubes ditos 'pequenos'

Benfica - 5 pontos: empate com Vitória de Guimarães (0-0) e derrota com GD Chaves (0-1).

FC Porto - 12 pontos: derrotas com Rio Ave (1-3) e Gil Vicente (1-2) e empates com Estoril (1-1), Santa Clara (1-1) e Casa Pia (0-0).

SC Braga - 12 pontos: derrotas com GD Chaves (0-1), Casa Pia (0-1) e Vitória Guimarães (1-2).

Sporting - 16 pontos: derrotas com GD Chaves (0-2), Boavista (0-2), Arouca (0-1) e Marítimo (0-1) e empates com Gil Vicente (0-0 e Arouca (0-0).

O SC Braga, que fez uma época sensacional, deixou 12 pontos nos terrenos de GD Chaves, Casa Pia e Vitória, terrenos onde perdeu.

O Sporting, a fazer uma época para esquecer a nível interno, perdeu com Chaves, Boavista, Arouca, Marítimo e empatou com Gil Vicente e Arouca. Os leões desperdiçaram 16 pontos com os clubes ditos pequenos.

As sete vitórias seguidas logo a abrir ajudaram o Benfica em termos mentais e deixou um sinal claro aos rivais: teriam de pedalar muito para acompanhar o ritmo frenético das águias. Nesse período, o Braga era o segundo, mas tinha perdido pontos a abrir (3-3 com o Sporting), o FC Porto (3.º) já tinha desperdiçado cinco pontos (empate em casa do Estoril e derrota fora com Rio Ave) e o Sporting era apenas 10.º, após as derrotas com FC Porto, GD Chaves e Boavista e o empate com o Braga.

A sequência vitoriosa do Benfica foi interrompida em Guimarães com o empate a zeros com o Vitória local, naquele que foi o pior jogo da época para as águias. Não podendo ganhar, era importante não perder e foi isso que o Benfica fez.

Depois, nova sequência de cinco vitórias, até a 13.ª ronda.

É nesse período que o fosso para o mais direto perseguidor aumenta. O FC Porto tinha ultrapassado o Braga mas estava já a oito pontos do Benfica, depois de perder com as águias no Dragão e empatar com o Santa Clara fora de portas. O Braga, que até tinha começado bem, perdeu com FC Porto, Casa Pia e GD Chaves e caiu para 3.º, a nove pontos dos encarnados. O Sporting tinha recuperado, mas a derrota com o Arouca tinha-o atrasado em relação ao Benfica na corrida ao título.

A primeira derrota da época chegou na 14.ª ronda, em casa do Braga e, após o empate com o Sporting em casa, na 16.ª jornada, o Benfica tinha dado alento aos rivais. A vantagem na liderança (41 pontos) passou de oito para quatro pontos e era de novo o Braga o mais direto perseguidor (37 pontos). Os minhotos recuperaram, de repente, cinco pontos para os encarnados, num período em que venceram todos os seus jogos (quatro vitórias).

Se o Benfica perdeu cinco pontos nesse período, o FC Porto perdeu dois com o empate no terreno do Casa Pia. Já o Sporting tinha feito os mesmos resultados dos encarnados, uma vez que, além do empate com o Benfica, tinha perdido no terreno do Marítimo.

Depois do empate caseiro com o rival lisboeta, a equipa de Roger Schmidt partiu para a melhor fase da temporada na Primeira Liga, que se viria a revelar-se crucial na caminhada para o título. Foram dez vitórias seguidas, que permitiram aos encarnados aumentar a vantagem na liderança de quatro para 10 pontos, dando assim uma machada final nas aspirações dos rivais.

O mais perto era o FC Porto, mas que tinha perdido cinco pontos com a derrota caseira com o Gil Vicente e o empate com o Braga. Além do 0-0 com os dragões, os arsenalistas tinham sido derrotados pelo Vitória no dérbi do Minho e goleados pelo Sporting, perdendo assim mais oito pontos para o Benfica. O Sporting tinha perdido com o FC Porto e empatado com o Gil Vicente, ou seja, cinco pontos perdidos.

Nem as duas derrotas seguidas, com FC Porto e GD Chaves abalaram a confiança do Benfica no título. A vantagem passou de 10 para quatro pontos e, com o FC Porto a ser o único a ameaçar as aspirações encarnadas. O empate com o Sporting na 33.ª ronda deixava o FC Porto a dois pontos mas, na última jornada frente ao Santa Clara, o Benfica confirmaria a conquista do 38.º título de campeão nacional.