"Campeões, nós somos campeões”, gritam hoje cerca de um milhar de adeptos do Benfica, na Rotunda da Boavista, no Porto, numa festa que gradualmente se foi compondo num aglomerado de buzinas, cânticos e cor que nem a chuva parou.

Quando soava o apito para o final da vitória benfiquista frente aos açorianos do Santa Clara, por 3-0, a Praça Mouzinho de Albuquerque, popularmente conhecida como Rotunda da Boavista, estava deserta, apenas ocupada por um forte dispositivo policial que parecia preparar-se na "calma antes da tempestade".

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À medida que os minutos passavam, no local de eleição para os festejos benfiquistas no Porto, começavam a escutar-se as primeiras buzinas dos carros e timidamente surgiam alguns adeptos a exibir os cachecóis e as camisolas, com os primeiros cânticos a ecoarem numa cidade onde predominam outras cores e os festejos 'encarnados' tendem a ser comedidos.

“Isto não é território inimigo porque o Benfica está em todo o lado. O FC Porto é que só está na zona norte, não temos tantos adeptos aqui, mas é como se tivéssemos em casa. O Benfica é enorme”, disse Rui Augusto, um benfiquista visivelmente satisfeito pela celebração do título.

Para o adepto, “os miúdos”, numa alusão às revelações António Silva e João Neves, foram os “pilares” para a glória ‘encarnada’, que lamentou a ‘seca’ de campeonatos que durava desde 2019.

“Os miúdos foram os mais seniores e os que estiveram melhor na equipa. E o Roger Schmidt também, apesar de ter havido uma ou duas tremedeiras por falta de experiência no nosso campeonato. Acredito que para o ano vá ser mais fácil”, profetizou.

“Campeões, Campeões, nós somos campeões”, “SLB, SLB, glorioso SLB” e “1904!”, e até homenagens a Eusébio, são algumas das frases mais repetidas pelos adeptos.

Os festejos subiram de tom e, cerca de uma hora após o fim dos jogo, a rua era frequentemente obstruída pela multidão e deram-se alguns encontros com portistas, vindos do jogo dos ‘azuis e brancos’ frente ao Vitória de Guimarães, no Estádio do Dragão, mas os cruzamentos entre adeptos não alimentaram mais do que algumas picardias, sem que tenham existido por demais incidentes, numa informação corroborada por um agente da PSP.

A segurança no local permitiu a Mariana Silva, acompanhada de três filhos, com idades compreendidas entre os oito e os 12 anos, vir festejar e proporcionar aos jovens uma experiência “única”.

“Foi a primeira vez que eles vieram festejar isto de sermos campeões. Eles ainda eram muito pequenitos quando ganhámos a última vez. E está a ser uma festa muito bonita. Festa molhada é festa abençoada, estamos a gostar muito”, enquanto apontava para João, o mais novo dos três, que hasteava orgulhosamente uma bandeira das ‘águias’.

A chuva forte levava a que os adeptos mais moderados se abrigassem, mas não houve uma desmobilização até às 22h30, hora em que o estado agravado do tempo levou a que um número significativo de benfiquistas abandonassem, enquanto muitos completavam uma volta completa à praça, em jeito de despedida.

“Penálti para o FC Porto”, exclamou sarcasticamente um indivíduo perante uma queda no terreno escorregadio.

Apesar de estar em número bastante mais reduzido, a ‘maré’ benfiquista promete manter-se até altas horas da madrugada, alimentada pela euforia do título que fugia há quatro anos e hidratada não só pela chuva, mas também pela cerveja.

O Benfica assegurou hoje o 38.º título de campeão português de futebol, ao vencer no seu reduto o despromovido Santa Clara por 3-0, em jogo da 34.ª e última jornada da competição, na qual totalizou 87 pontos, mais dois do que o FC Porto.