O antigo futebolista Carlos Manuel considerou que José Torres, que morreu hoje, era um grande homem, dentro de um homem grande, e lembrou a alegria do “pontapé de Estugarda”, que colocou a selecção no Mundial de 1986.
“Dentro de um homem grande estava um grande homem, um homem fantástico, sensacional, um homem de bem”, afirmou Carlos Manuel, em declarações à Agência Lusa.
O antigo futebolista e actual treinador do Oriental lembrou que ainda teve “o privilégio de jogar contra Torres”, que terminou a carreira aos 42 anos ao serviço do Estoril-Praia, e que também foi treinado por ele na selecção.
“Desde de que comecei a ser treinado por ele, durante algum tempo na selecção, mais parecia um pai, do que apenas um treinador”, afirmou Carlos Manuel, classificando José Torres “como um conselheiro, nos bons e nos maus momentos”.
Carlos Manuel, autor do “pontapé de Estugarda”, que garantiu a presença no Mundial México1986, recordou a atitude do então seleccionador José Torres, antes e depois do encontro.
“Apelou ao nosso orgulho ao nosso carácter, sempre com humildade. Naquela meia hora antes de entrarmos em campo, olhámos para o Zé e sentimos que da parte dele, independentemente do que pudesse acontecer no jogo, havia um grande orgulho em estar connosco”, referiu.
Algum tempo antes do encontro, José Torres proferiu uma frase que acabou por ficar célebre. Quando poucos acreditavam no apuramento para o Mundial 1986 afirmou: “Deixem-me sonhar”.
“Ele disse essa frase depois do jogo difícil com Malta, no estádio da Luz, que ganhámos por 3-2”, lembrou o autor do golo que concretizou o sonho de José Torres.
Carlos Manuel não consegue lembrar-se das primeiras palavras que trocou com o seleccionador no final do jogo, porque, disse: “Nessas situações nem sabemos o que havemos de dizer”.
No entanto, o antigo futebolista recordou que, após o encontro, disputado a 16 de Outubro de 1985, a alegria foi imensa e José Torres “apenas” agradeceu.
“A alegria foi enorme, estivemos sempre juntos, durante toda a noite. Passámos a noite juntos, o orgulho era imenso e intenso e ele simplesmente agradeceu-nos”, disse.
Carlos Manuel endereçou as condolências aos familiares e lembrou o trabalho que tiveram em acompanhar a doença, acrescentando: “Não direi um adeus, direi um até breve amigo Zé”.
José Torres, que há anos sofria da doença de Alzheimer, faleceu hoje no hospital dos Lusíadas, onde estava internado há cerca de 15 dias.
O funeral realiza-se às 11:30 de sábado para o cemitério da Amadora.
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