O administrador executivo da SAD do Benfica afirmou hoje que os ‘encarnados' estão preparados para fazer face aos efeitos financeiros da pandemia de COVID-19, mas assumiu que enfrentar uma época inteira sem jogos de futebol seria "catastrófico".
"Já antecipámos qual poderá ser o impacto nas nossas contas. Do ponto de vista financeiro, conseguimos determinar qual será o resultado deste exercício, em função de duas variáveis: se há ou não há jogos e, havendo, se são à porta fechada. Qualquer que seja o impacto, os nossos resultados serão naturalmente sempre positivos, e até diria, muito provavelmente, um dos melhores resultados da história da SAD do Benfica", afirmou Domingos Soares de Oliveira, em entrevista à BTV.
Mesmo com o reembolso do empréstimo obrigacionista 2017-2020 que será efetuado na sexta-feira, no valor de 50 milhões de euros, o Benfica continuará "com uma posição de caixa extremamente favorável e positiva", embora a mesma não resista a uma eventual "época desportiva inteira sem competições".
"Não temos capacidade para isso, como não tem ninguém. Não é um tema do Benfica, é um tema de todos os clubes nacionais e europeus", observou o dirigente benfiquista, salientando que a "bilhética e o mercado de transferências terão repercussões no próximo ano, quer a nível financeiro, quer do ponto de vista das disponibilidades de caixa dos clubes".
Tendo em conta que a receita de bilhética do Benfica ronda os 25 ME, por época, contabilizando cerca de 25 partidas no Estádio da Luz, Domingos Soares de Oliveira considera que seria "catastrófico" enfrentar uma temporada inteira sem jogos, por tudo o que estes acarretam.
"O impacto seria acima de 25 ME, se estivéssemos uma época inteira sem ter jogos. Não conseguimos ter outras receitas, pois as receitas de ‘merchandising’, de transferências, das competições europeias, sem jogos, não existem. Esse seria um cenário catastrófico e acho que ninguém o equaciona", referiu.
Com as competições paradas devido à crise mundial de saúde pública provocada pelo novo coronavírus, a próxima janela de transferências será afetada, uma vez o valor do passe dos futebolistas está a desvalorizar.
Contudo, Soares de Oliveira deixou uma garantia: "Não vamos entrar num mercado de transferências em que os nossos atletas estejam a ser desvalorizados. Há uma situação momentânea de desvalorização dos jogadores que creio que irá acontecer neste ano de 2020, mas, a partir de 2021/22, o mercado voltará a conhecer os valores que já conheceu no passado."
O administrador executivo revelou que, após o reembolso do empréstimo obrigacionista, a dívida total do Grupo Benfica, "sujeita a encargos financeiros, é de cerca de 70 ME, um valor extremamente baixo".
"Se olharmos numa perspetiva história, só no início do século, quando ainda não tínhamos o novo estádio e o Benfica Campus, é que tivemos uma dívida tão baixa. Nos últimos 18 anos, inclusivamente antes de o estádio ser inaugurado, já tínhamos dívidas superiores a este montante de 70 ME", adiantou.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de COVID-19 já provocou mais de 184 mil mortos e infetou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Cerca de 700 mil doentes foram considerados curados.
Em Portugal, morreram 820 pessoas das 22.353 confirmadas como infetadas, e há 1.143 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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