A recuperação dos ligamentos do ombro esquerdo está numa "fase muito terminal" e ainda impede o piloto português Miguel Oliveira (Yamaha) de competir ao ritmo exigido no MotoGP, embora esteja “mais perto do objetivo do que longe”.

Em entrevista à Lusa, o piloto natural de Almada, que regressou à competição no Grande Prémio de França, sexta ronda da temporada, contou como foram os últimos dois meses a recuperar de uma “lesão muito particular e que exigiu muita paciência”.

“Já numa fase muito terminal da recuperação. Foram dois meses até voltar a subir à mota, o que espelha bem a dificuldade que foi recuperar. [Exigiu] Um ganho de mobilidade sem poder luxar de novo a clavícula, que foi difícil de obter. Apenas três semanas antes do Grande Prémio comecei a fazer um bocadinho de força no ginásio, estava ainda bastante debilitado para competir ao ritmo do MotoGP, mas certamente que estou mais próximo do objetivo do que longe”, detalhou Oliveira, que se lesionou na corrida sprint do Grande Prémio da Argentina, segunda prova do campeonato, em 15 de março.

No Grande Prémio de França, marcado pela chuva, esteve perto de obter um bom resultado, mas uma queda sofrida na curva 14 da 20.ª volta ditou um desfecho não desejado, com o piloto da equipa Prima Pramac a dar conta dos momentos em que sentiu dificuldades na condução.

“Em Le Mans senti dificuldades, principalmente na curva para a esquerda, em que temos de forçar bastante a mota na entrada da curva. Le Mans tem muitas mudanças de direção, sobretudo da direta para a esquerda”, explicou à Lusa.

Ainda assim, segundo Oliveira, foi um Grande Prémio “positivo”, mas reconheceu que perdeu uma “oportunidade muito grande para fazer muitos pontos”.

“Estava mais preparado para fazer a corrida a seco, sofrer e não terminar nos pontos. Sem dúvida alguma que me traria mais experiência para as próximas corridas. Foi positivo de perceber os pontos negativo da mota à chuva, temos algum trabalho pela frente para podermos ser competitivos nessas condições. Serviu bastante para acumular experiência e perceber os pontos que precisamos de melhorar”, revelou.

Os desempenhos no asfalto molhado não se traduzem em conforto para Miguel Oliveira, porém, quando a “aderência é muito baixa”, consegue “perceber a condução” a ter de forma a “andar sem cair”.

Perspetivando o próximo Grande Prémio do Campeonato do Mundo de motociclismo de velocidade, em Silverstone, no Reino Unido, entre sexta-feira e domingo, Oliveira espera “encontrar menos dificuldades num percurso em que o resultado da corrida dependerá da qualificação”.

“É um circuito bastante exigente fisicamente, mas acredito que será uma corrida onde vou sofrer fisicamente, mas muito menos do que sofri em Le Mans. Espero recuperar mais velocidade e estar mais próximo dos meus adversários, sobretudo dentro da box do fabricante poder estar mais próximo dos outros três pilotos a nível de performance”, terminou.