O presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), Joaquim Evangelista, disse hoje que os futebolistas vão sentir as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo para 2013 como os restantes cidadãos portugueses.
«Os jogadores, apesar de alguns negócios excecionais – que são mesmo excecionais –, na sua maioria vivem com os mesmos problemas dos demais portugueses, com a habitação, com a educação dos filhos, com os carros», afirmou Joaquim Evangelista, em declarações à agência Lusa.
O presidente do SJPF diz que «infelizmente, em Portugal, o futebol vive com imensos problemas», antevendo que a presente época seja «dolorosa», porque «a própria conjuntura também o é».
«A II Liga tem uma última oportunidade, vai ter de demonstrar que tem capacidade económica para ser viável e vai ser muito difícil. Temo que as equipas B não produzam os efeitos pretendidos, como a aposta nos jogadores portugueses. Temo igualmente que a diminuição do financiamento através do poder local e de outras entidades, que também têm dificuldades, produza efeitos negativos», salientou Evangelista.
Reiterando as críticas às «políticas despesistas e irresponsáveis» de alguns clubes, Evangelista refere que a «crise» está a permitir «ajustar os orçamentos à realidade», em contraponto com o hábito de «viver acima das possibilidades, com o que tinham e que não tinham, sempre encostados às mesmas fontes de financiamento».
«E, quando começa a faltar o dinheiro, os jogadores, que são os protagonistas, são os primeiros a sentir, apesar de serem os que menos responsabilidades têm», frisou o sindicalista, apelando à responsabilidade na gestão dos clubes.
Evangelista lamenta que estas medidas obriguem «os jogadores portugueses a procurarem cada vez mais alternativas no estrangeiro», porque isso significa que «Portugal não tem capacidade para corresponder aos seus concidadãos».
«Quando alguém consegue dizer isto de forma insensível não tem capacidade para estar à frente de um país», sublinhou Evangelista, defendendo que a emigração tem de ser uma opção pessoal.
O sindicalista considera que têm de ser dadas «condições e oportunidades» para os futebolistas lusos permanecerem em Portugal, uma vez que os “mercados” da Roménia, Chipre e Grécia «sofrem os mesmos problemas».
Questionado sobre as reações que já sentiu por parte dos futebolistas desde sexta-feira, quando o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou novas medidas de austeridade, o presidente do SJPF afirmou que estas não são diferentes das experimentadas por outros quadrantes da sociedade.
«Não diz respeito só ao futebol, mas a todos. O país real vive com muitas dificuldades e cada vez que há um anúncio de medidas desta natureza – sem uma explicação lógica para as mesmas e com consequências nos rendimentos disponíveis – suscita preocupações. Os jogadores ligam-me, alguns manifestam-se e admito que alguns até tenham comentado a mensagem do primeiro-ministro no Facebook. Não só como futebolistas, mas como cidadãos», referiu, aludindo à mensagem escrita por Pedro Passos Coelho após ter anunciado mais medidas de austeridade para 2013.
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