O futebol leva-nos por caminhos sinuosos, que por vezes simplesmente parecem destinados. Pode dizer-se que este é o caso de Fary Faye, antigo goleador do Boavista que enveredou pelo dirigismo quando pendurou as botas. Foi percebendo as exigências da profissão e foi crescendo na estrutura axadrezada, até ser eleito presidente da SAD, para o período entre 2024/26, reunindo 99,9% dos votos favoráveis do capital social representado na reunião (92,37%).
O novo líder das panteras sucede assim a Vítor Murta, presidente demissionário, que tomou a decisão de abandonar o clube após não ter sido convidado a continuar pelo acionista maioritário da sociedade, Gérard López.
Fary nasceu em Dakar, no Senegal, onde deu os primeiros chutos na bola ao serviço do ASC Diaraf. Em 1996 mudou-se para Portugal para jogar no Grupo União Sport, onde esteve durante duas temporadas antes de rumar ao Beira-Mar, tendo brilhado em Aveiro durante cinco épocas.
Seguiu-se uma curta aventura no Boavista que durou três temporadas, antes de regressar ao Beira-Mar e de ter uma experiência no Aves. A partir daí entrou na etapa final da carreira de futebolista, ajudando o Boavista numa das fases mais complicadas dos seus 121 anos de história.
Quando decidiu que estava pronto para abandonar o interior das quatro linhas, percebeu que a paixão seguinte estava relacionada com o dirigismo. Começou como diretor desportivo, alternando essas funções com o cargo de diretor de futebol nos anos seguintes. Ganhou experiência, maturou as suas capacidades diretivas, também como administrador da SAD, e agora prepara-se para enfrentar o maior desafio da sua carreira, presidindo a um dos clubes onde foi mais feliz em Portugal.
Nas primeiras palavras como novo líder das panteras, prometeu aceitar esta responsabilidade com "humildade, compromisso e determinação", garantindo que não iria fugir aos duros desafios que aí vêm. "Tenho total consciência dos problemas do presente, nunca fugirei deles, como também sei que terei pela frente um desafio de enorme dificuldade. Não serão tempos fáceis, mas estou certo de que vou corresponder à exigência desta grande responsabilidade, assim como dos boavisteiros", afirmou Fary.
Ciente das dificuldades financeiras e desportivas que o clube atravessa (14.º lugar na I Liga, apenas dois pontos acima da zona de play-off de permanência), o dirigente já tem as prioridades bem definidas. "Queremos, todos, um Boavista credível, transparente e respeitado. Repito: credível, transparente e respeitado. É isso que prometo, na defesa dos valores desta nossa casa. Tenho em mim, e na minha equipa, a energia, competência, força e confiança para cumprir esta promessa e dar início a um novo ciclo no Boavista. Temos um longo caminho a percorrer e assumo, sem qualquer receio, que nunca me faltará a coragem para tomar as decisões necessárias para o bem do Boavista", concluiu o novo presidente da SAD.
Agora é hora de por as mãos ao trabalho, para tentar inverter uma tendência descendente que o clube portuense tem vindo a enfrentar nos últimos anos.
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