A época em curso do Benfica tem de ser dividida entre o 'consulado' de Rui Vitória e o de Bruno Lage, que pegou na equipa à 16ª jornada, em 06 de janeiro, na receção ao Rio Ave, para a transformar em tempo recorde.
Essa transformação, que fez de uma equipa desmotivada e a praticar um futebol pouco atrativo em outra mais agressiva, mais intensa, mais dinâmica e com uma variedade de soluções ofensivas até aí não vista, teve muito a ver com o aspeto psicológico dos jogadores, mas também com as opções técnicas e táticas do seu novo treinador.
Bruno Lage começou logo por trocar o 4x3x3 de Rui Vitória por um 4x4x2, sistema que exponenciou o talento excecional de João Félix, devidamente enquadrado no ataque com o avançado suíço Haris Seferovic, também ele uma figura do Benfica na época 2018/19.
Com Rui Vitória, João Félix foi titular em apenas três jogos e suplente utilizado em outros nove, mas no sistema de 4x3x3 era utilizado descaído sobre um dos flancos ou entrava para render um dos alas, com Bruno Lage ganhou o estatuto de titular e passou a fazer dupla atacante com Seferovic, a movimentar-se no corredor central e na área adversária, onde se sente como 'peixe na água'.
Essa aposta do novo técnico 'encarnado' traduziu-se em 13 jogos sempre a titular, oito dos quais no campeonato, e em sete golos marcados, dois deles no jogo de estreia de Bruno Lage, à 16ª jornada, na vitória por 4-2 sobre o Rio Ave, depois de o Benfica ter estado a perder por 2-0 no Estádio da Luz.
No entanto, a influência que João Félix tem tido na dinâmica ofensiva da equipa vai muito além dos golos e das assistências para golo que tem protagonizado, pela sua irreverência, mobilidade, qualidade técnica só ao alcance dos sobredotados, criatividade e inteligência de jogo, mensurável pela forma como se movimenta e se furta às marcações para surgir na área em posição de finalizar.
Acresce, ainda, nas características que fazem dele um jogador completo, uma boa técnica de cabeceamento e, qualidade mais rara no perfil típico do jogador português, possui 'faro' pelo golo, que é um dom inato.
Com o Benfica a um ponto de distância do líder FC Porto, à 23ª jornada, e em vésperas do clássico que porá as duas equipas frente a frente, no Dragão, no sábado, o campeonato entra na fase decisiva para a definição do campeão, na qual qualquer ponto perdido pode não ser recuperável.
O Benfica chega a esta fase decisiva do campeonato dinâmico, motivado, confiante e a jogar bom futebol, mas o génio de João Félix é uma mais-valia para a equipa, razão pela qual tem sido invariavelmente alvo de marcações cerradas pelos adversários.
No sábado, perante um FC Porto que quebrou de rendimento, cerrou fileiras e está novamente em crescendo, João Félix será alvo de dura marcação e posto há prova como, porventura, ainda não foi, perante uma defesa 'intratável' como a do FC Porto, com jogadores experientes e habituados 'às grandes batalhas' como os centrais Felipe e Pepe.
Noticia publicada a 28 de fevereiro
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