O FC Porto colocou um ponto final na série de quatro jogos sem vencer (três derrotas e um empate), ao derrotar esta noite o Casa Pia no Dragão por 2-0, em jogo da 12.ª jornada da I Liga.
Samu e Fábio Vieira fizeram os golos que deixam os azuis e brancos a três pontos do líder Sporting e mais um que o Benfica, terceiro, que tem um jogo em atraso.
Em dia do 42.º aniversário, Vitor Bruno respira, após muita contestação.
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45 minutos de desconfiança
As três derrotas nos últimos quatro jogos e nenhuma vitória transformaram a boa época do FC Porto num pesadelo. No relvado, é uma equipa com medo, desconfiada de si, incapaz de tomar decisões, receando errar. E quando o medo de errar é maior que a vontade de vencer, os gestos nunca saem de forma natural.
Vencer o Casa Pia era condição indispensável para curar o Dragão da depressão em que se meteu, principalmente após a goleada sofrida diante do Benfica, o rival maior na I Liga. Por isso Vítor Bruno, o homem que comanda a equipa com a corda no pescoço, decidiu tentar algo diferente, colocando Fábio Vieira finalmente na posição '10', onde vê o jogo de frente quando recebe a bola. Eustáquio fez de Alan Varela, numa equipa ainda à procura da sua identidade.
O posicionamento de Fábio Vieira parecia resultar quando, logo no primeiro minuto, recebeu de frente, lançou Galeno com um grande passe nas costas da defensiva dos Gansos. Faltou melhor definição do internacional brasileiro perante Siqueira.
Parecia que era por ali que o Dragão teria de vergar o 5-4-1 montado pelo jovem técnico João Pereira, onde Cassiano, o homem mais adiantado, tentava impedir a subida dos centrais portistas. Os restantes nove homens de campo eram cães de caça no bom sentido da palavra: lutadores, solidários, abnegados na defesa da sua baliza, sem deixar de olhar para Diogo Costa.
Aos 16 minutos, saída rápida para o ataque, bola metida na área para Livolant que rematou cruzado, com a bola a desviar em Otávio e a terminar em canto. Foi preciso esperar até ao minuto 44, para nova saída bem sucedida dos gansos: Nuno Moreira combinou com Cassiano, este entrou na área e deixou em Livolant que apareceu a rematar, novamente contra as pernas, agora de Francisco Moura. Duas boas saídas, bem desenhadas, duas oportunidades criadas.
Entre o lance do primeiro minuto e o segundo lance de golo dos azuis e brancos, passaram 30 minutos. Esse interregno foi interrompido por Nehuén Pérez, num cabeceamento ao segundo poste após grande bola de Galeno que o guarda-redes Siqueira defendeu a dois tempos. O Dragão interrompia os assobios a compasso para aplaudir. Tinha de ser por aí.
A equipa cresceu e terminou o primeiro tempo por cima (71%-29% em posse de bola). Samu ficou muito perto de marcar aos 35, mas João Goulart fez um corte impecável aos pés do espanhol; Fábio Vieira obrigou Siqueira a mostrar atributos num livre direto aos 39; aos 45+2 foi Galeno a testar as qualidades do guardião dos lisboetas.
Entre soluções, dúvidas e receios, faltava golo ao Dragão. E os 32810 que estiveram presentes no recinto (pior casa da época), sentiam isso.
Tudo resolvido em quatro minutos
Desconhecendo-se o que terá dito Vitor Bruno à sua equipa ao intervalo, a verdade é que o FC Porto voltou com outra disposição. Samu e Galeno explicaram porquê em dois lances, Fábio Vieira confirmou, aos 48. Mau passe de Ruben Kluivert que apanhou a defensiva casa-piana desorganizada, Fábio Vieira deu em Pepê que soltou de primeira para a área para Samu que por sua vez meteu no criativo portista: foi receber, ajeitar e bola no fundo das redes. O Dragão tinha a sua primeira manifestação de verdadeiro agrado.
O Casa Pia, ciente do mau momento do FC Porto, tentou ir para a frente, arriscando mais, sabendo que podia ferir o Dragão. Mas arriscar seria também ficar à mercê de possíveis ataque rápidos dos de Vitor Bruno. Foi o que aconteceu logo aos 55 minutos: saída rápida, sempre ao primeiro toque, com Samu a lançar Pepê, este a meter na velocidade de Samu, o espanhol correu, entrou na área e disparou para o fundo das redes.
Este era o conforto que os azuis e brancos precisavam para assentar o seu jogo, ganhando confiança nas suas ações. A confiança era tanta que Otávio decidiu, aos 62 minutos, aproveitar o espaço que lhe deram para rematar de longe, com a bola a bater com estrondo no poste direito de Siqueira. Seria um golaço.
Do banco João Pereira sentiu necessidade de dar um novo ânimo à sua equipa. Svenson, Henrique Pereira e Rafael Brito substituíram Nuno Moreira, Cassiano e Beni.
Aos 72 minutos, momento caricato no Dragão: o Casa Pia tentava sair a jogar, Siqueira tentou meter a bola num colega, mas colocou o esférico nos pés de Galeno. Com Samu ao lado, o brasileiro tentou ser ele a fazer o golo mas, ao tentar rematar, ficou com o pé preso na relva e deu mal na bola, perdendo uma oportunidade flagrante.
Obrigado a jogar em ataque organizado, o Casa Pia sentia muitas dificuldades. Mas nem por isso deixava de tentar, como mostrou Tchamba, aos 77 minutos, num cabecemento após canto que Diogo Costa defendeu com a ponta dos dedos da luva para a barra. Oportunidade mais flagrante dos lisboetas.
Só aos 72 minutos Vitor Bruno mexeu na equipa, ao trocar João Mário por Martim Fernandes. Entraram ainda Gonçalo Borges, Vasco Sousa, Namaso nos postos de Fábio Vieira, Pepê e Galeno.
Já nos descontos, nova fantástica defesa de Diogo Costa, a negar o golo a Svenson, num livre direto. Defesa por instinto, já que a bola sofreu um desvio na barreira.
Chegava ao fim a seca de 29 dias sem vencer do FC Porto, numa sequência com três derrotas e um empate.
A vitória permite ao FC Porto recuperar o segundo lugar e chegar aos 30 pontos, menos três que o líder Sporting, que perdeu nesta ronda. O Benfica é terceiro com 28 pontos mas com menos um jogo.
O Casa Pia mantém o 10.º posto com 12 pontos.
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