O candidato à presidência do Benfica, João Noronha Lopes, criticou hoje a preparação da época 2020/21 por Luís Filipe Vieira, que acusou de ser responsável por falhar a Liga dos Campeões, “o primeiro grande objetivo da época”.
No dia em que apresentou o programa da sua candidatura que, garantiu, “será levada até ao fim e para ganhar”, o gestor assumiu que o Benfica tem de “chegar longe na ‘Champions’”, mas salientou que o clube precisa de se “organizar para que isso aconteça”.
“Não podemos atacar a primeira eliminatória da ‘Champions’ com um plantel ainda com lacunas”, criticou o candidato da lista que usa como lema “A glória é agora”.
Apesar de recusar comentar os processos judiciais em que o nome de Luís Filipe Vieira está envolvido, Noronha Lopes deixou no ar a ideia de que a preparação da época do futebol do clube pode ter sido afetada pelos mesmos, ao assumir que “preferia um presidente do Benfica 100% focado no clube, em preparar a época e em dar a Jorge Jesus os jogadores que precisa”.
Nesse sentido, apesar de o seu programa colocar bastante enfoque na importância do papel do diretor desportivo, o candidato recusou avançar, desde já, qualquer nome para o cargo e preferiu enumerar o que fará e não fará se for eleito em outubro.
“Em primeiro lugar, ajudarei o treinador, juntamente com um diretor desportivo, a preparar bem a época. Não andarei um mês atrás de um fantasma. Prepararei os lugares chave e com isso terei uma equipa preparada para a ‘Champions’ no primeiro jogo. Com isso não teríamos de vender o Ruben Dias”, criticou.
Aproveitando a menção ao defesa-central formado no Seixal, que se transferiu para o Manchester City, o empresário voltou a criticar a atuação de Vieira, revelando incredulidade quando se elogia o atual presidente do Benfica “pela sua capacidade negocial”.
“Preferia muito mais a capacidade de organização para que isso não acontecesse. Com a saída de Ruben Dias, não temos um jogador da formação no nosso plantel. Isto tem de merecer a reflexão dos sócios. Quando se diz uma coisa e se faz o contrário, quando isso acontece em três épocas sucessivas, é porque não temos um rumo e uma política desportiva. O Benfica não tem uma política desportiva, tem uma política eleitoral”, apontou.
Já sobre o futuro do treinador Jorge Jesus, se ‘destronar’ o atual presidente do cargo, Noronha Lopes garantiu que não fará “nada que possa colocar em causa a estabilidade desportiva do clube numa época como esta”.
“O grande objetivo do Benfica tem de ser [chegar a] campeão nacional e ganhar a Liga Europa. A meio da época não farei nada que coloque em causa a estabilidade desportiva. Por isso, quando for eleito presidente, darei a Jorge Jesus as condições para ganhar, porque essa é que é a grande prioridade do Benfica”, assumiu o candidato.
Desafiando, por mais do que uma vez, Luís Filipe Vieira para juntar-se à “reflexão” motivada pela existência de outras candidaturas à presidência do clube ‘encarnado’, Noronha Lopes elencou, ainda, uma série de medidas que pretende ver implementadas após a revisão estatutária prometida no seu programa.
O gestor quer ver uma “limitação de três mandatos” na presidência e outros órgãos sociais do Benfica, introduzir “um escalão de antiguidade intermédio entre os 20 e os 50 votos”, alterar as regras de elegibilidade atuais para “35 anos de idade e 15 de sócio efetivo”, além de acolher a “proposta de Rui Gomes da Silva”, candidato rival que pretende a obrigatoriedade de "uma maioria absoluta" para assumir a presidência do clube.
João Noronha Lopes prometeu, ainda, “medidas fundamentais para a transparência”, entre as quais a criação de “regras muito apertadas quanto à contratação de bens e serviços” por parte do clube, que passem a exigir que “acima de um determinado valor sejam sempre ouvidas três propostas” e a obrigatoriedade dE o presidente apresentar uma declaração de rendimentos anual “durante todo o seu mandato”.
As eleições do Benfica ainda não têm data marcada, mas deverão acontecer “entre 24 e 31 de outubro”, de acordo com os estatutos do clube.
Além do atual presidente ‘encarnado’, Luís Filipe Vieira, e de João Noronha Lopes, também Bruno Costa Carvalho e Rui Gomes da Silva já manifestaram a intenção de se candidatarem.
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