O treinador Pedro Martins salientou a maior competitividade existente atualmente na I Liga portuguesa de futebol, assente na luta pelo título e pela Europa, ainda por definir a duas jornadas do término do campeonato.
“Não é normal chegarmos a esta fase do campeonato e ainda não estar atribuído, por exemplo, o título de campeão. Não se passa em praticamente nenhum campeonato do mundo. Demonstra que há uma enorme competitividade e é saudável, em muitos momentos os campeonatos em Portugal não têm esta competitividade. De ano para ano dizemos que estamos a perder qualidade, mas, no final de cada época, vemos as equipas muito melhores, bem preparadas e de novo no mercado internacional a vender jogadores”, salientou o técnico, à margem da conferência 2Build, numa unidade hoteleira de Cascais.
Atualmente a orientar o Al-Gharafa, do Qatar, Pedro Martins antecipou o dérbi lisboeta da 33.ª e penúltima jornada da I Liga, na qual o Benfica pode celebrar o título nacional em caso de triunfo no reduto do rival Sporting, que ocupa o quarto lugar na tabela classificativa.
“Um dérbi é sempre um jogo muito especial, independentemente da classificação. São jogos em que todos os intervenientes querem participar e tem uma envolvência muito grande para o extrerior. São jogos extraordinários, que alimentam esta modalidade tão apaixonante”, frisou o treinador, que, enquanto jogador, esteve três épocas nos ‘leões’, entre 1995 e 1998.
Desta forma, Pedro Martins espera, acima de tudo, “um bom jogo e espetáculo” no Estádio José Alvalade, com “duas equipas a lutar pela vitória”, considerando que o Benfica entrará na partida com maior pressão, dado o caráter decisivo que uma vitória acarreta para o título nacional.
“Estão reunidas todas as condições para ser um bom espetáculo. Vai ser um bom jogo, com dois técnicos de grande qualidade, de certeza com estratégias bem definidas para o jogo e processos de jogo também bem definidos. Antevejo um bom jogo”, expressou.
O impacto imediato do treinador alemão Roger Schmidt no Benfica surpreendeu Pedro Martins: “Ter metido a equipa a jogar tão bem e durante tanto tempo é extremamente positivo. Não estava à espera que o Benfica aparecesse num momento de forma tão forte desde o início. Teve resultados menos positivos com FC Porto e Inter Milão, quebrou um pouco, mas voltou ao nível e mostrou todo o ano uma consistência muito grande”.
Depois de Marítimo, Rio Ave e Vitória de Guimarães, em Portugal, e do Olympiacos, na Grécia, a experiência de Pedro Martins no Qatar, ao serviço do Al-Gharafa, tem sido assente num plano a “médio/longo prazo”, num “projeto muito bom” inserido na evolução do futebol qatari.
“O Qatar vai ter um campeonato muito interessante no futuro. É nesse sentido que nós estamos a trabalhar. Estamos a fazer um trabalho muito interessante, num clube que já foi líder no país e queremos recuperar esse estatuto entretanto perdido. Foram dados os primeiros passos e acredito que o futuro do Al-Gharafa será interessante”, ressalvou.
O Al-Gharafa concluiu o campeonato na sexta posição, com 32 pontos, com o Al-Duhail a sagrar-se campeão, com 51, e Pedro Martins perspetivou que o Qatar, como a Arábia Saudita, irá ter uma “preponderância futebolística muito grande a nível internacional”.
“Querem implementar uma gestão muito idêntica à da NBA, nos Estados Unidos. Há, neste momento, muito bons jogadores no Qatar. Os profissionais que se contratam são jogadores de primeira linha e há um foco muito virado para o jogador qatari, para a sua evolução e crescimento. Por isso é que estão a contratar bons profissionais, de forma a potenciar o campeonato”, disse o técnico, de 52 anos, natural de Santa Maria da Feira.
A conferência 2Build, que liga o mundo empresarial ao do desporto, foi organizada por uma empresa de consultoria financeira e de comunicação, numa unidade hoteleira no concelho de Cascais, num evento que contou com 118 oradores anunciados, distribuídos por três palcos, para além de 400 convidados.
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