87 dias. Este foi o tempo em que estivemos sem jogos da Primeira Liga. Quase três meses sem futebol em direto. Confinados em casa, a cumprir o isolamento obrigatório por causa da pandemia de COVID-19, os amantes do futebol já desesperavam pelas emoções do desporto-rei. Do verdadeiro futebol. O Portimonense venceu o Gil Vicente por 1-0 e colocou um ponto final no registo de 12 jogos sem vencer.
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Já ninguém podia com as repetições dos grandes jogos da Seleção A de Portugal. Ou os grandes momentos dos clubes portugueses na Europa do futebol. Ou mesmo a repetição dos clássicos e dérbis do nosso futebol. É verdade que deu para matar saudades, ver os antigos craques, questionar porquê já tivemos tantos craques como Witsel, Ramires, David Luiz, Falcao, Alex Sandro, Otamendi, James Rodriguez, entre outros e agora temos poucos. Deu para 'matar a fome' de futebol mas, convenhamos, era 'massa aquecida no microondas'.
Mas este não é o futebol a que estávamos habituados. É o futebol possível em tempo de pandemia. É o futebol sem adeptos nas bancadas, é o futebol de testes e mais testes de COVID-19. O futebol da televisão. O futebol sem abraços, sem comemorações com os amigos. Juntos mas separados. Cada um na sua casa. Ou na sua mesa, para quem prefere ver a bola a rolar numa televisão enquanto degusta um bom prato típico de Portugal nos milhares de restaurantes, ávidos de clientes após abertura.
Coube ao Portimonense e ao Gil Vicente a honra de reabertura do que resta desta Primeira Liga, a mais longa de sempre. A 15.ª de 39 campeonatos de futebol europeus a regressar no rescaldo da pandemia de COVID-19. Este foi o primeiro dos 90 jogos que ainda faltam para acabar a época e, pelo que se viu, não desiludiu.
Com o silêncio das bancadas, a aproximação ao jogo é ainda maior. Maior porque se houve os gritos dos jogadores, as instruções e ralhetes aos colegas, os palavrões típicos deste mundo, o barulho da bola num passe ou remate... ouve-se tudo. Parece uma conversa em alta voz numa carruagem do metro às 18h00 de um dia da semana.
Mas vamos ao futebol. Com apenas duas vitórias nas 24 rondas anteriores e a precisar de pontos urgentemente, o Portimonense de Paulo Sérgio entrou pressionado para vencer o Gil Vicente, equipa tranquila na tabela, num 9.º lugar.
Os gilistas foram melhores no primeiro tempo. O golo esteve nos pés de Sandro Lima aos seis minutos mas o melhor marcador da equipa perdeu-se em fintas e perdeu a bola. Só a passagem da meia hora é que os casa responderam com real perigo, com Hackman a trabalhar bem na área mas a ver a defensiva cortar um passe que ia para Jackson Martinez perto da linha de golo.
Apesar de mexido, os primeiros 45 minutos resumiam-se a esses dois lances de real perigo.
A segunda parte vai arrancar com um momento de inspiração de Lucas Fernandes, jovem médio do Portimonense. O brasileiro recebeu na meia direita, fletiu para o meio e disparou um 'missil' de muito longe, fazendo um golaço. O guarda-redes Dênis nem se mexeu.
O técnico Vítor Oliveira tentou 'agitar as águas' na sua equipa, lançando Samuel Lino e Hugo Vieira nos postos de Renan Ribeiro e Baraye, para tentar da a volta ao texto.
Mas quem viria a estar perto de marcar era o veterano Jackson Martinez, que fico a centímetros de dar sequência a um grande lance de ataque dos comandados de Paulo Sérgio.
Até ao final, mandou mais o coração que a cabeça no lado gilista, na procura de, pelo menos, um ponto em Portimão. Mas tal não foi possível.
Esta foi apenas a terceira vitória do Portimonense na I Liga, a primeira desde que Paulo Sérgio substituiu Folha no comando técnico da equipa. Insuficiente para retirar a equipa da zona de descida: Os algarvios continuam no 17.º e penúltimo posto, agora com 19 pontos, três menos que a primeira equipa em zona de salvação, o Paços de Ferreira.
Os gilistas continuam no 9.º posto, com 30 pontos mas podem ser ultrapassados por Santa Clara, Boavista e Vitória de Setúbal.
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