O superintendente da Polícia de Segurança Pública (PSP) Magina da Silva considerou hoje que o fenómeno da violência no desporto não se combate com "um polícia em cada jogo" e exigiu a responsabilização de todos os agentes desportivos.
"Combate à violência não pode ser reduzido a um problema policial. Isso é aquilo a que temos assistido ao longo dos anos. Acaba - por inoperância sistémica - a ter de ser a PSP a levar com o embate. Está na altura de responsabilizar todos os agentes desportivos, exigir o exercício das competências que cada um tem para que contribuam para erradicar a violência", afirmou.
Em declarações prestadas à margem de uma intervenção realizada numa audição pública sobre alterações legislativas na área do desporto, na Assembleia da República, o superintendente da PSP lamentou que a resposta aos episódios de violência tenha recaído, essencialmente, sobre as forças de autoridade.
"A solução não pode ser ter um polícia em cada jogo. Esse não pode ser o caminho. O desporto tem de ser incentivador de fair-play e não pode ser colocar mais polícias", observou, abrindo a porta a sanções efetivas aos clubes: "Todos os agentes desportivos têm de ser penalizados da forma que diretamente lhe diz respeito. Não seria novidade nenhuma a perda de pontos, a descida de divisão, jogos à porta fechada, etc. O cardápio de penas é vasto".
Com críticas à proliferação de programas de comentário desportivo nos canais de televisão que "não contribuem para a pacificação do ambiente", Magina da Silva vincou também que os clubes têm de terminar qualquer apoio a elementos das claques que tenham cometido crimes ou atos violentos.
"O apoio não pode abranger os elementos dentro das claques que praticam crimes ou atos de violência aproveitando o anonimato que uma grande massa de adeptos proporciona. Os clubes têm de ser seletivos. A partir do momento que cometam crimes ou atos de violência, esses elementos não podem ter apoio dos clubes".
Nesse sentido, o superintendente da PSP enumerou no seu discurso alguns princípios para alcançar resultados no combate à violência.
"Afastamento de adeptos de risco, especialmente os que têm historial comprovado de atos violentos ou que se mobilizem para isso, uma política transparente e disciplinadora sobre os clubes em relação ao apoio aos grupos de adeptos, a entrega de prémios aos bons adeptos, a mudança de atitude dos clubes em relação à instrumentalização dos grupos de adeptos, e, claro, uma ação disciplinar firme e célere", finalizou.
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