O segundo golo do Sporting frente ao Vitória de Guimarães, com que Gyökeres confirmou o triunfo e o título dos ‘leões’, serviu de mote para o início dos festejos do bicampeonato em Leiria.

Logo aí, minutos antes do fim da partida de Alvalade, começaram a ouvir-se buzinadelas em Leiria, antecipando a comemoração que prometia ser intensa, numa cidade conhecida por ter muitos adeptos ‘verde e brancos’.

Mas o facto da Feira de Leiria coincidir com a consagração do campeão diluiu a festa, que demorou a arrancar na Rotunda do Sinaleiro, perto da Fonte Luminosa, local habitual das festas do título na cidade.

Por ali, no começo até se viram mais camisolas benfiquistas: a poucos metros fica a Casa do Benfica de Leiria, de onde saíam, desiludidos, apoiantes ‘encarnados’.

Às buzinadelas e ‘bocas’ dos sportinguistas que chegavam, uns reagiam com bom espírito, outros com gestos obscenos.

Ricardo Carvalho, 49 anos, foi o primeiro ‘leão’ a chegar, com os filhos Xavier, Tiago e Vasco vestidos a rigor. “Ainda não tinha acabado e arrancámos para cá”. A intenção foi “celebrar uma época difícil”:

“Tivemos momentos em que realmente não acreditava. Não foi fácil depois da saída do Ruben Amorim, mas somos sportinguistas: se perdêssemos estamos habituados, ganhando estamos felizes”.

O quarteto foi o primeiro a “ocupar” a Rotunda do Sinaleiro, mas a festa demorou a pegar. “Está toda a gente cheia de vergonha!”, gritou uma adepta que se lhes juntou, incentivando os mais afastados.

Sérgio Duarte, 47 anos, e a filha Inês, de 12, observavam os ‘leões’ mais empenhados na comemoração. “Acreditei sempre. Houve mudança de treinador, mas qualidade dos jogadores estava lá”.

Para ele, o Sporting “podia ter resolvido isto mais cedo”, mas a saída de Amorim e “todas as lesões que tivemos” atrasaram a decisão. “Foi mais sofrido mas, também por isso, teve outro sabor”, acrescentou.

Com duas buzinas na mão, Fátima Rosa, de 62 anos, aproximou-se decidida. Viajou de Lisboa até Leiria para fazer a festa. “Foi para ser diferente e valeu a pena”, explicou.

“Ainda estou nervosa, sofri muito neste jogo. Estava confiante, mas só no segundo golo vi que era nosso! Por tudo o que passámos merecemos esta grande vitória”, afirmou à agência Lusa, antes de se juntar à festa. “Ainda estou com ideia de ir beber algumas [cervejas] até acabar a noite! Festa é festa, não há todos os dias”, desabafou, bem disposta.

Ali perto, com a camisola do Benfica vestida, Tiago Lopes, 35 anos, assistia a tudo com o filho de 04 anos às costas.

“É uma questão familiar”, explicou, com a mãe do pequeno Liam ao lado, equipada à Sporting.

“Não me está a custar nada”, disse, questionado sobre estar na festa do adversário direto: “Alguém tem de ser campeão. Este ano calhou ao Sporting, com toda a justiça. A mulher é do Sporting, quer festejar e estou aqui. Somos rivais, mas não inimigos. Temos de levar na desportiva. Para o ano há mais e espero estar no lado oposto, a festejar”.

A festa dos ‘leões’ no centro de Leiria começou morna e até os vendedores de cachecóis se atrasaram, bem como o habitual fogo-de-artifício, que só rebentou cerca de uma hora depois do final do encontro de Alvalade.

Mas a comemoração espalhou-se por comboios de automóveis a buzinar e foi aquecendo à medida que os adeptos chegavam do recinto da feira. Quando um desses gritava “Campeões! Campeões!”, foi travado por um sportinguista de outro grupo, aparentemente zangado: “Estás enganado!”, gritou. “É ‘Bicampeões! Bicampeões!’”, ripostou. E os dois juntaram-se a quem saltava e cantava numa já bem mais 'quente' Rotunda do Sinaleiro.

O Sporting sagrou-se hoje bicampeão português de futebol, depois de vencer o Vitória de Guimarães, por 2-0, na 34.ª e última jornada da I Liga, conquistando o título pela 21.ª vez no seu historial.

O Sporting, orientado por Rui Borges, terminou a 91.ª edição do campeonato com 82 pontos e assegurou o terceiro título em cinco anos, voltando a ser bicampeão 71 anos depois.