Os treinadores de futebol portugueses defendem que é preciso uma maior estabilidade "laboral e emocional" para a sua atividade, mostrando desagrado com "os despedimentos precoces".
O tema foi hoje abordado no Fórum do Treinador, evento organizado pela Associação Nacional de Treinadores de Futebol, que durante dois dias vai juntar em Gondomar mais de 700 técnicos de vários escalões.
Miguel Leal, treinador do Boavista, que hoje interveio numa das mesas de debate, recuperou o assunto, vincando que essa instabilidade que se vive na profissão têm, por vezes, interferência na qualidade do jogo e do espetáculo.
"Temos de valorizar o espetáculo, mas também melhorar a confiança no trabalho do treinador, dando-lhe mais segurança, o que, normalmente, em Portugal, não acontece, devido aos despedimentos precoces", apontou Miguel Leal.
O treinador que comanda a equipa que atualmente segue na 10.ª posição da I Liga de futebol, reconheceu que "por vezes, por contingências da nossa cultura, se valoriza mais os resultados, do que o espetáculo".
"É preciso repensar como o treinador português possa melhorar essas condições, nomeadamente nos aspetos que estão para além do próprio treinador. É necessário dar uma maior emocional e laboral para que os técnicos possam desempenhar o seu trabalho, porque uma casa não se faz num dia", vincou Miguel Leal.
Na mesma linha de pensamento, Manuel Machado, técnico que, com vários anos de I Liga, acabou, esta temporada, por não conseguir levar até ao fim projetos em duas equipas (Nacional e Arouca), considerou que o futebol, em Portugal, "tem crescido em várias vertentes, menos da qualidade de jogo".
"É algo que nos está a escapar, e penso que é motivo de reflexão para chegarmos a uma conclusão que nos leve a melhorar práticas. Todas as vertentes da modalidade têm de ter interesse para que o espetáculo seja vendável", disse Manuel Machado.
O treinador, atualmente sem clube, considerou que um dos mais evidentes sinais dessa diminuição de qualidade dos espetáculos futebolísticos nacionais é a diminuição do número de espetadores nos recintos.
"Ninguém paga 30 euros para ver um mau cantor, mas talvez pagasse 60 euros para ver um Frank Sinatra. Quando há qualidade há espetadores, caso contrário as cadeiras continuarão vazias em muitos estádios", partilhou.
O Fórum do Treinador de Futebol reuniu hoje, no Pavilhão Multiusos de Gondomar, mais de 700 técnicos entre os quais vários treinadores dos escalões profissionais e também para selecionadores.
Entre os presentes, destaque para Luís Castro (Rio Ave), Miguel Leal (Boavista), Nuno Manta Santos (Feirense), Vasco Seabra (Paços de Ferreira), Costinha (Académica de Coimbra), José Viterbo (União da Madeira), Paulo Alves (Penafiel), Filipe Gouveia (Sporting Covilhã) ou Vítor Campelos (Vitória de Guimarães B).
Além dos selecionadores de sub-21 e sub-19 Rui Jorge e Hélio Sousa, respetivamente, também marcou presença Paulo Duarte, que atualmente dirige a seleção de Burkina-Faso.
Entre os presentes nas sessões, destaque ainda para treinadores como Manuel Machado, Nuno Capucho, Tulipa, Henrique Calisto, Ivo Vieira,ou Ulisses Morais, entre muitos outros.
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