O jogo entre o Vitória de Setúbal e o Sporting vai manter-se no sábado, confirmou a Liga Portuguesa de Futebol Profissional, depois de os dois clubes não terem chegado a acordo para a alteração, numa reunião hoje realizada.
A Liga convocou hoje representantes das duas equipas da I Liga para uma reunião, na qual o Vitória de Setúbal reiterou o seu pedido de adiamento para uma data a acordar com o Sporting, devido ao vírus que assola o seu plantel.
“Esta hipótese só será ponderada pelo Sporting caso o Vitória aceite fazer uma junta médica que ateste a condição física dos jogadores, na qual esteja integrado o diretor clínico do emblema de Alvalade, João Pedro Araújo. Este foi um cenário recusado pelo presidente e diretor desportivo do Vitória FC, pelo que a Liga, respeitando o que está regulamentado, mantém o jogo entre os dois clubes para o horário e dia previamente agendado”, refere o organismo em comunicado.
A nota especifica que, no encontro desta tarde, convocado pela Liga “no respeito pela integridade dos Regulamentos em vigor e da competição”, estiveram presentes, além do seu presidente, Pedro Proença, o presidente do emblema sadino, Vítor Hugo Valente, e o diretor desportivo, Rodolfo Vaz, enquanto da parte do Sporting estiveram Miguel Nogueira Leite, “em representação de Frederico Varandas, com ausência justificada”, Miguel Braga, responsável de comunicação, e João Pedro Araújo, diretor clínico dos ‘leões’.
O jogo entre Vitória de Setúbal e Sporting, da 16.ª jornada da I Liga, vai, assim, realizar-se este sábado, pelas 20:30, no Estádio do Bonfim.
O plantel do Vitória de Setúbal foi afetado por uma virose, o que levou o clube a pedir o adiamento do encontro de sábado, mas o Sporting, justificando com a sobrecarga de calendário, não aceitou, com a Liga a não alterar a data por os dois clubes terem falhado um entendimento.
Na quarta-feira, fonte oficial dos sadinos indicou à agência Lusa que a sessão de treino prevista para esse dia não se tinha realizado, uma vez que “80% do plantel” estava “afetado por um vírus gripal".
Os jogadores do Vitória de Setúbal começaram a apresentar sintomas como "vómitos, febres e diarreias", na semana passada, tendo o vírus alastrado a quase todo o plantel esta semana, explicou a mesma fonte.
Hoje, o treinador dos sadinos, Julio Velázquez, indicou que na quinta-feira a sua equipa treinou com apenas um jogador, Carlinhos, "que só pôde fazer corrida", e três guarda-redes, "um da equipa principal e dois dos sub-23".
"Outros 14 ficaram no hospital, outros na cama e quatro, cinco ou seis jogadores fizeram trabalho de mobilidade. Vómitos, diarreias, febres de 39 e 40 graus foi esta a realidade a 100%", disse em conferência de imprensa.
Os dois técnicos falaram sobre o assunto durante a tarde
O técnico do Sporting falou da polémica calendarização do jogo e do facto de os 'leões' recusarem o adiamento da partida, a pedido dos sadinos, por causa do surto gripal que afeta mais de 80 por cento dos jogadores do Vitória de Setúbal.
Comentário à polémica sobre o adiamento: "Todas as partes já se pronunciaram sobre o tema. Não tenho nada a acrescentar a não ser desejar as melhoras aos jogadores do Vitória. Já falei com o treinador do Vitória, dei-lhe a minha opinião e ele percebeu e concordou com ela. Percebo o lado deles, mas não tenho muito mais a dizer sobre isso. Cada um tem o seu argumento. Eu entendo as partes todas".
Argumentos do Sporting para não adiamento: "Vamos falar da nossa calendarização. Na data proposta poderemos vir a ter o sexto jogo sem descansar, a jogar de dois ou três dias. Vamos pôr os nossos jogadores em risco de lesão... A data proposta não me parece ser viável. Já o jogo ser noutra altura, não tenho problema nenhum. Foi essa a conversa que tive com o meu colega e ele percebeu perfeitamente. Não é só virmos do Braga. É jogarmos com o Benfica, ter uma meia-final com o Braga, depois ganhando temos uma final com o FC Porto ou Vitória de Guimarães. Jogando sempre de três em três dias... Quando falamos de uma situação, temos de olhar para todo o contexto e não só à parte do Vitória. O ideal para mim seria encontrar uma data que não prejudique ninguém. E não me opunha a isso".
Dificuldades de calendário: "Temos de pensar que vamos jogar, estamos preparados para jogar mas não sei o que vai acontecer. Mas não há má vontade da nossa parte [em não adiar o jogo]. Se conseguirem encontrar uma data que seja bom para todos... Mas não tenho indicações contrárias que o jogo não se vai realizar. Agora, se eles não aparecerem, não aparecem".
Como se preparou este jogo sem saber que Setúbal encontrar? "Já tinha analisado o comportamento do Vitória de Setúbal em vários jogos, uma equipa com dinâmicas interessantes. Já tínhamos treinado a pensar nisso, preparei a equipa na semana toda a pensar no Vitória de Setúbal nos últimos jogos, uma equipa que em casa ainda não perdeu. Quando o jogo começa, podemos ser surpreendidos, mas isso pode acontecer com o Vitória de Setúbal e com qualquer outro. Não somos bruxos, não sabemos como vão jogar. Se eles se apresentarem de forma diferente, tenho de ter alternativas táticas. Há treinadores que mudam de sistema de jogo para jogo como eu. Temos de nos adaptar se o Vitória de Setúbal não se apresentar o onze que costuma usar".
A opinião do treinador do Vitória
Júlio Velásquez abordou o jogo de amanhã com o Sporting, falando de um possível adiamento da partida, reforçando que a equipa não tem qualquer condição para jogar, afirmando mesmo que está morta.
"A situação é a mesma de ontem: a equipa neste momento está morta. Não estamos em condições de fazer um jogo de futebol profissional", disse.
Velásquez revela ainda alguma surpresa com o ponto a que a situação chegou, revelando que só lhe restou uma opção: falar com Silas.
"Não acreditava que ficássemos nesta situação, em Portugal, numa liga de primeiro nível. Fico assombrado que estejamos nesta situação. Mas nesta situação a única opção foi falar com o treinador da outra equipa, para que houvesse alguma empatia. Falei com Silas duas vezes, mandei-lhe mensagem e o Silas, agradeço-lhe, voltou a ligar-me. Falei-lhe da situação, ele compreendeu, eu compreendi o lado dele.
O técnico revelou que encontrou datas em comum com Silas, afirmando que as únicas barreiras a essas datas estão no regulamento.
"Não quero fazer uma figura de merda. Se falo é porque é uma situação de saúde. Expliquei-lhe a 100% a situação. Ele disse-me que fevereiro é um mês muito difícil, eu não tenho problema em jogar noutra data. Uma data que funcionava seria em março. Eu quero olhar para a saúde dos meus jogadores, o meu objetivo principal é esse, não quero saber se ganho, perco. 3,4,5 de março ou 10, 11, 12 de março. Mas há uma situação de regulamento, quando acontece algo assim tens quatro semanas para jogar o jogo. É um problema de logística, mas acima da logística está a saúde dos jogadores", explicou, revelando ainda que Silas percebe a situação, da mesma forma que Velásquez compreende a parte do Sporting.
O treinador 'sadino' não poupou nas palavras para mostrar a sua preocupação com a situação.
"Não quero fazer uma figura de merda. Porque depois quando um jogador morre no relvado é que levamos as mãos à cabeça, todos fazemos homenagens. Falamos de jogadores que estão num estado grave, o único treino que posso fazer com eles é deixa-los no campo para apanhar sol", afirmou.
Questionado sobre as expectativas caso a partida seja realizada, Velásquez revela que não é concebível.
"Pode acontecer qualquer coisa. Os jogadores estão muito mal. Não é uma situação equilibrada, não é um processo claro. Espero que o jogo seja adiado. Seria uma situação inconcebível para Portugal. Seria uma situação de terceiro mundo", afirmou.
A conferência de Júlio Velásquez aconteceu à mesma hora que se soube que Pedro Proença, presidente da liga de clubes, chamou os presidentes de Sporting e Vitória de Setúbal para uma reunião para que uma situação seja encontrada entre os dois clubes.
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