O Clube Desportivo Feirense e a fornecedora de renováveis Greenvolt lançam sexta-feira uma comunidade de energia apta a suprir o consumo anual de 5.000 famílias de Santa Maria da Feira e aberta também a indústria, comércio e serviços.

A nova estrutura de autoconsumo coletivo do distrito de Aveiro resulta de um investimento na ordem dos 500.000 euros por parte da Greenvolt e vai produzir cerca de 840.000 megawatts-hora por ano, com recurso a mais de 3.000 metros quadrados de painéis fotovoltaicos distribuídos pelo Estádio Marcolino de Castro e pelo complexo de treinos do CD Feirense.

O clube será o principal beneficiário do sistema, ao obter uma poupança que se espera superior a 50% na sua fatura de eletricidade atual, mas a estrutura foi concebida para abastecer de energia outros consumidores localizados num raio de quatro quilómetros, como explicou hoje à Lusa o diretor-executivo da Greenvolt Comunidades.

“A capacidade de produção instalada no Feirense ultrapassa por larga margem aquilo de que o clube precisa e não se justificaria montar toda esta estrutura apenas para consumo próprio da casa. Foi por isso que concebemos o projeto de forma a que toda a população envolvente possa beneficiar do excedente, dispondo de energia limpa e mais barata”, declara José Queirós Almeida.

No caso do clube da II Liga, o respetivo presidente espera baixar para metade tanto a fatura de eletricidade do Estádio Marcolino de Castro, que ronda os 14.000 euros anuais, como a do complexo desportivo de treinos, que atinge os 28.000 euros a cada 12 meses.

“O clube irá reduzir substancialmente os custos com energia e, além disso, também vai contribuir para facilitar a gestão financeira mensal das famílias feirenses nas proximidades”, defende Rodrigo Nunes.

O mesmo responsável do Feirense realça, aliás, que, desde o anúncio da parceria com a empresa de renováveis, “os pedidos de esclarecimento para adesão ao projeto têm sido constantes” por parte da população local.

Desse interesse resulta que a maior parte da produção da chamada “Comunidade de Energia CD Feirense” já está contratualizada, como nota José Queirós Almeida ao revelar que, “embora o número de adesões habitacionais seja residual, o projeto gerou muita procura no tecido industrial”.

Fábricas de calçado, unidades de produção de moldes e estabelecimentos comerciais como padarias incluem-se assim entre os primeiros membros da nova estrutura de energia partilhada da Área Metropolitana do Porto, sendo que, para essas adesões, a poupança estimada é de “25% face à tarifa da eletricidade comercializada”.

Independentemente do tipo de consumidor que se associe ao projeto, o diretor-executivo da Greenvolt Comunidades aponta outra vantagem à parceria com o CD Feirense: a energia gerada pelos painéis fotovoltaicos instalados no estádio e no complexo de treinos evitará a emissão para a atmosfera de 250 toneladas de dióxido de carbono por ano.