Há cada vez menos jogadores portugueses a jogar em Portugal. De acordo com um estudo do Sindicato de Jogadores, o número de atletas nacionais utilizados na primeira volta dos campeonatos profissionais voltou a diminuir, pelo terceiro ano consecutivo.
Na Primeira Liga, apenas 37% (93) dos jogadores utilizados têm nacionalidade portuguesa, sendo que 63% (157) são de origem estrangeira. Comparativamente com a época passada, houve um aumento de 6% na taxa de utilização de estrangeiros.
O Vitória de Setúbal foi, na primeira volta, o clube do principal escalão que mais apostou no jogador nacional. Em média, os sadinos utilizaram nove jogadores portugueses e cinco estrangeiros, seguido de Tondela e SC Braga com uma média de oito portugueses e seis estrangeiros.
No que diz respeito aos três grandes, o Benfica é o clube que utilizou mais atletas lusos (5) na primeira metade da época, sendo o FC Porto o emblema que apresenta um maior contingente de jogadores além-fronteiras - média de 12 estrangeiros por jogo e dois portugueses.
Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato de Jogadores, analisou estes números. “Relativamente à Liga NOS, não temos uma visão alarmista do modelo de negócio, que significa também a subsistência e o reforço das equipas participantes”, defende, sublinhando que se trata da “da competição profissional por excelência, aquela onde verdadeiramente é necessário priorizar os resultados e garantir competitividade no plano interno e internacional", afirmou.
Em relação à Segunda Liga, o cenário é mais positivo: 51% dos jogadores utilizados por jornada foram portugueses, embora com um decréscimo de 2% em relação à temporada passada. De salientar que 45% do total de atletas a atuar neste escalão tem menos de 23 anos, ainda assim menos 7% do que no ano anterior.
O Penafiel é o clube que mais aposta no jogador português, com uma média de 13 jogadores utilizados em 17 jornadas. O Mafra surge logo atrás com uma média de 11 portugueses utilizados e três estrangeiros. Em sentido inverso, o Famalicão, o Paços de Ferreira e o Académico de Viseu foram os clubes que utilizaram mais estrangeiros (10) e menos portugueses (4).
"Para a Segunda Liga a nossa visão é bastante mais crítica. Subverteu-se aquele que devia ser um patamar intermédio, em que os maiores talentos do futebol português pudessem ter espaço competitivo, de modo a estarem preparados para ingressar no principal escalão", analisa Joaquim Evangelista.
O presidente do Sindicatos dos Jogadores destacou ainda o papel da Liga Revelação, prova de sub-23 criada pela FPF: "Na base da criação dos sub-23 esteve, a nosso ver, a necessidade de combater o abandono precoce de muitos jovens com potencial, por falta de oportunidades de profissionalização no âmbito da 2.ª Liga. Esses jovens podem hoje ter um espaço competitivo que os valorize e mantenha a expectativa de poderem evoluir e chegar às competições profissionais."
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