
As alterações ao programa da marcha atlética nos Jogos Olímpicos Los Angeles2028, resumida a uma meia maratona, deixaram a comunidade portuguesa “triste” e revoltada”, pedindo união para fazer frente e tentar reverter a decisão.
“A minha reação é simples. Isto não pode ficar assim. A comunidade de marcha atlética vai ter de se mobilizar, porque é recomeçar, outra vez. Já para Paris2024 foi um recomeço, incluindo uma estafeta inédita. (...) A comunidade tem de se unir de uma vez por todas”, diz à Lusa Susana Feitor, antiga marchadora em cinco Jogos Olímpicos e atualmente a presidente da Fundação do Desporto.
As novas alterações ao programa olímpico na marcha atlética, à semelhança do que aconteceu na anterior edição dos Jogos, deixam atletas e representantes, mais uma vez, com sentimento negativo.
Depois de, em Tóquio2020, Inês Henriques ter perdido uma batalha judicial pela inclusão dos 50 quilómetros marcha femininos no programa, os atletas voltam a opor-se às mudanças, que para Susana Feitor devem “ter impacto positivo”.
Se for “para trazer mais adeptos e mais público”, defende, então devem “ser feitas já, a três anos de Los Angeles2028”, mas apenas uma meia maratona, “com os Mundiais e Europeus a manterem os 35 e 20 quilómetros”, deixa a comunidade confusa.
“O impacto vai ser o que temos vindo a ver: Menos participantes, [porque] é mais difícil trazer os jovens por não verem futuro consistente na modalidade. Veem os campeões revoltados. Precisamos de estabilidade, de decisões duradouras”, critica.
Para o histórico da modalidade João Vieira, esta decisão “é bastante controversa, porque os atletas não são ouvidos”.
“É bastante triste o caminho que se tem tomado. Isto já vem de há quatro anos, desde que acabaram com os 50 quilómetros em Tóquio2020. (...) Para mim, é preocupante e feio para a marcha”, lamenta.
Vieira, que esteve presente em seis Jogos Olímpicos, lamenta a “má fase de marchadores em Portugal, com pouca quantidade e qualidade”, a que não vem ajudar esta incerteza, que sente que vai “prejudicar Portugal e outros países”.
“É uma coisa bastante triste. Para mim, que estou a acabar a carreira, deixa-me triste, porque dediquei uma vida toda à marcha atlética. Gostava de mais provas, mais atletas, e que nos uníssemos para defender a disciplina”, atira.
Um dos jovens valores da marcha nacional, Inês Mendes, confessa à Lusa que estas notícias a deixam “triste e desapontada”.
“Sempre tivemos duas distâncias. Diminuir para apenas uma, e neste caso para uma prova relativamente curta, não dá tantas oportunidades aos marchadores”, diz.
Só uma prova olímpica baixa a quota de atletas que se podem qualificar, e os praticantes mais habituados aos 50 quilómetros “ficam com a vida dificultada”, lembra, mas há também uma questão de dignificar uma disciplina histórica no movimento desportivo.
“A marcha merecia ter duas disciplinas no programa olímpico”, resume.
Susana Feitor já só pede “uma modificação com lógica”, pedindo “mobilização” a atuais e antigos praticantes. “Está-me a custar imenso ver estas notícias”, afirma.
A agora retirada prova de 20 quilómetros era a resistente em todas as competições, com os 50 a terem a última presença em Mundiais em Doha, sendo substituídos por 35 a partir de Oregon2022.
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