A inauguração da exposição “100.º Aniversário Professor Moniz Pereira” decorreu na terça-feira, na Faculdade de Motricidade Humana (FMH), em Oeiras, ao ritmo de memórias desportivas e ao som de música, duas paixões daquele que é considerado o ‘senhor atletismo’.

Foram dezenas de pessoas que fizeram questão de marcar presença na homenagem ao antigo treinador do Sporting, falecido aos 95 anos, em 2016, entre os quais o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, o presidente do IPDJ, Vítor Pataco, o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA), Jorge Vieira, o antigo atleta Domingos Castro, o presidente da FMH, Luís Bettencourt Sardinha, os fadistas António Pinto Basto e Teresa Tapadas, entre muitos outros.

“O professor Moniz Pereira tem um legado material, que está aqui na exposição, e um legado imaterial, com um valor extraordinário. Foi um indivíduo inovador, ao nível do treino, e precursor a vários níveis. Ele nasce em 1921 e, nessa altura, ninguém acreditava que Portugal, alguma vez, pudesse ganhar alguma coisa. Ele sempre se revoltou contra isso, sempre sonhou em treinar um campeão olímpico e nunca desistiu dessa ideia, defendendo que os nossos atletas, treinando tanto quanto os outros, pelo menos, eram iguais aos outros. Se treinassem mais, seriam certamente melhores do que os outros”, recordou Jorge Vieira.

Além de lembrar que o mítico treinador realizou o seu sonho com Carlos Lopes e Fernando Mamede, já depois de Manuel Oliveira nos Jogos Olímpicos de Tóquio1964 ter ficado em quarto lugar nos 3.000 metros obstáculos, “o primeiro cheirinho de que ele estava certo”, o presidente da FPA defendeu que “Moniz Pereira foi um ‘game changer’ e influenciou todo o desporto português”.

Já João Paulo Correia confessou ser uma “honra, enquanto secretário de Estado da Juventude e do Desporto, estar na inauguração da exposição e fazer parte de um momento tão simbólico de alguém que marcou para sempre o desporto português, que acreditou no aparentemente impossível, que levou os valores supremos do desporto e da superação aos mais marcantes resultados desportivos mundiais”.

“Mário Moniz Pereira trilhou esse caminho das pedras e fez Portugal sonhar enquanto país desportivo. Inspirou gerações, marcou formas de conduta perante o trabalho sistemático do treino, com a sua disciplina marcou para sempre a forma de encarar o alto rendimento”, acrescentou o governante.

O antigo atleta Domingos Castro, que recordou, emocionado, vários episódios vividos com o mentor, fez questão de partilhar que “herdou a disciplina”, que mantém até hoje, do professor, “uma pessoa muito avançada no tempo, não só a nível desportivo, e com uma cultura geral acima da média”.

“Sou um privilegiado por o professor ter feito parte da minha vida, a todos os níveis. Sou uma pessoa com sorte por ter encontrado uma figura ímpar deste país, como homem, como professor e como treinador. Estou-lhe muito grato por ter feito tudo o que fez por mim”, sublinhou o antigo atleta do Sporting.

Mas não só de memórias desportivas viveu a homenagem realizada na FMH, e a música também foi chamada a palco, pelas vozes dos fadistas Julieta Estrela, Teresa Tapadas e António Pinto Basto, que cantaram alguns fados e um tango em honra de Mário Moniz Pereira, também ele um reconhecido compositor e poeta.

Após a subida ao palco dos vários familiares presentes na plateia, três filhas, um filho e uma neta, que partilharam com a audiência o ‘hino da família Moniz Pereira’, a cerimónia chegou ao fim com o fado “Valeu a Pena”, entoado pelo próprio professor Mário Moniz Pereira.