A história da vida de Mário Moniz Pereira, nascido há cem anos, confunde-se com a do próprio atletismo português, e na efeméride é lembrado pela federação como "o mestre" e grande figura inspiradora da modalidade.
No ano em que a própria Federação Portuguesa de Atletismo (FPA) chega aos cem anos, Jorge Vieira, presidente da instituição, fala de "uma feliz coincidência".
"Procuraremos renovar as suas mensagens inspiradoras da vida. Para assegurar o futuro do atletismo e diria mesmo o futuro do desporto português, não podemos deixar desvanecer a imagem de presença entre nós do nosso mestre”, acrescenta.
O Sporting, seu clube de sempre, e a que chamava 'universidade do atletismo', recorda hoje o "atleta eclético e treinador exemplar", não só de atletismo, mas de várias outras modalidades, como o voleibol, ao longo de uma carreira de mais de meio século.
Nascido em Lisboa em 1921, Mário Alberto Freire Moniz Pereira ficou conhecido como 'o Senhor Atletismo'. Atleta, professor no Instituto Nacional de Educação Física, atual Faculdade de Motricidade Humana, treinador e dirigente, Mário Moniz Pereira foi homem de muitas facetas, entre as quais também a de conhecido autor de fados.
Foi treinador em sete modalidades, mas foi no atletismo que mais se destacou, afirmando-se como um 'fazedor de campeões' como Carlos Lopes, Fernando Mamede, Domingos Castro e Dionísio Castro.
Na FPA foi técnico nacional e é recordado como "dono de um poder comunicacional ímpar e de uma visão pioneira do treino", revolucionando a preparação dos atletas portugueses, sobretudo a partir de 1976.
Conseguiu para os seus atletas a dispensa de meio dia de trabalho e isso foi o arranque para uma verdadeira 'avalanche' de sucessos, com destaque para o título olímpico de Carlos Lopes e os recordes mundiais de Lopes e Fernando Mamede.
Pelo Sporting foi, sucessivamente, atleta, seccionista, treinador e, por fim, vice-presidente, a partir da direção de Pedro Santana Lopes.
"Foi um profundo conhecedor do fenómeno desportivo, tendo demonstrado à saciedade que ser treinador é muito mais do que treinar atletas, uma equipa ou uma seleção" recorda o clube de sempre, até à morte ocorrida em 31 de Julho de 2016.
"Mas o seu legado é tão vasto (até na música…) que vai perdurar certamente por muitos e longos anos, influenciando e motivando muitos mais atletas e treinadores. Resta-nos agradecer o seu contributo ao desporto e não deixar morrer a sua obra", relembra o clube.
O comando direto do atletismo do Sporting foi deixado após Barcelona´92. Mas o "Senhor Atletismo" - como já era chamado - não esqueceu a sua velha paixão e continuou a ter gabinete nas instalações de Alvalade, sempre a seguir tudo o que se passava na modalidade e de vez em quando descia à pista para dar um treino, de cronómetro na mão, como nos velhos tempos.
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