
O ciclista Iúri Leitão agarrou-se hoje aos primeiros sprints para marcar diferenças desde cedo rumo à inédita medalha de ouro na corrida por pontos dos Campeonatos da Europa de pista, em Heusden-Zolder, na Bélgica.
“Foi uma corrida mais rápida do que eu esperava. Não tinha planeado ir ao sprint tão cedo, mas surgiu a oportunidade e tive de aproveitar. Ganhei uma boa vantagem na fase inicial e tentei mantê-la durante toda a corrida. Foi difícil, mas consegui e estou muito feliz por ser campeão europeu mais uma vez. Vestir esta camisola é sempre especial e ser o melhor da Europa nesta disciplina é uma grande honra”, referiu o ciclista natural de Viana do Castelo, em declarações reproduzidas pela Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC).
Vice-campeão continental da especialidade em 2021, Iúri Leitão, de 26 anos, venceu oito dos 16 sprints pontuáveis e deu cinco voltas ao pelotão para terminar com um recorde de 157 pontos - acima dos 135 do francês Benjamin Thomas em 2022 -, contra os 114 do neerlandês Yanne Dorenbos, segundo colocado, e os 106 do belga Jasper de Buyst, terceiro.
Campeão olímpico de madison em Paris2024, ao lado de Rui Oliveira, e medalha de prata no omnium na mesma edição dos Jogos, Leitão somou a oitava medalha em Europeus, a quarta de ouro, e elevou para três os pódios por Portugal na Bélgica, depois da prata de Rui Oliveira na eliminação e o bronze de Maria Martins no scratch, ambos na quarta-feira.
O selecionador nacional de pista, Gabriel Mendes, mostrou-se orgulhoso pela prestação do vianense, que se impôs com base em “trabalho árduo, muito empenho e dedicação”.
“É uma disciplina muito exigente e tínhamos noção que tínhamos de ter algum cuidado e abordámos a corrida fazendo valer os nossos pontos fortes. O Iúri entrou muito bem e fez uma corrida fantástica. Pontuou em praticamente todos os sprints, o que é dificílimo, além das voltas de dobragem, e provou que era o corredor mais forte em pista”, traçou à FPC.
Horas antes do êxito na corrida por pontos, Iúri Leitão começou o dia a falhar o acesso à final do quilómetro na estreia portuguesa na disciplina em Campeonatos da Europa, ao fechar no 12.º lugar as eliminatórias, que só apuravam os oito primeiros para a decisão.
“[A estreia na prova do quilómetro] Era um desejo antigo e houve a possibilidade neste Europeu. O Iúri fez um registo muito bom e fiquei satisfeito, tendo em conta que é um atleta de ‘endurance’ e teve um tempo limitado de preparação”, vincou Gabriel Mendes.
Atribulada foi a tarde de Maria Martins, ao estar envolvida numa queda inicial na prova de eliminação, que seria mesmo interrompida, antes de recuperar e fechar em 13.ª, longe do bronze selado na disciplina em 2020, na sua segunda de quatro medalhas em Europeus.
“Fiquei frustrada e desiludida, porque me sentia bem e com capacidade para estar na discussão por um bom resultado. Fui eliminada quando sabia que ainda tinha muito para dar. A queda afetou pouco a minha prestação. Houve uma má decisão e arrependo-me, mas não posso voltar atrás”, reconheceu ‘Tata’, em declarações ao sítio oficial da FPC.
Aceitando que Maria Martins “estava capaz de fazer muito mais”, após ter entrado “muito bem e com boa capacidade de resposta, Gabriel Mendes alertou que é preciso aprender com as quedas, “fatores perturbadores” que prejudicaram a posição da atleta até ao fim.
Na sexta-feira, terceiro e antepenúltimo dia da 16.ª edição do Europeu, Iúri Leitão volta à pista de Heusden-Zolder para disputar a competição de scratch, enquanto Ivo Oliveira e Daniela Campos competirão na perseguição individual e no omnium, respetivamente.
Comentários